Por Genaldo de Melo

Ao acabar
a Segunda Guerra Mundial a Itália estava em estado de total agitação social e
política. Enquanto foi forçada a ceder parte de seu território à Iugoslávia, a
nação italiana cambaleava pelas grandes perdas durante a guerra. O desemprego
crescia, ao mesmo tempo, em que a economia encolhia. Os políticos tradicionais
não conseguiam dá respostas aos diversos problemas enfrentados pelo país,
fazendo com que grupos de esquerda e de direita crescessem a popularidade entre
os camponeses e trabalhadores.
Com o
texto “La dottrina del fascismo”, atribuído a Mussolini, mas que pode ter sido
escrito por Gentile, construiu-se a idéia do Estado Fascista, com duas
características essenciais: o Estado que abarca tudo e o culto à personalidade
da figura de Mussolini, chamado de “Il Duce” (O Líder).
Gentile
com isso então, rejeitou totalmente a idéia do individualismo e acreditava que
a resposta tanto para a necessidade de propósito para o povo quanto de
vitalidade e coesão do Estado estava no coletivismo. Nesse sentido, o Estado
abarca a tudo e a todos, inclusive em relação à própria filosofia de vida que
todos devem assumir como verdade absoluta.
A partir
daquele momento da história italiana, o fascismo já não pode mais ser coisa de
apenas um pequeno grupo político. A concepção prática do fascismo agora passa a
ser uma atitude em relação à própria vida, na qual os indivíduos e as gerações
são unidos por uma lei e uma vontade mais elevadas, mas precisamente a lei e a
vontade da nação. Ou seja, a lei e a vontade da nação têm prioridade sobre a
vontade de cada indivíduo. Não existe mais o indivíduo, só a nação.
E para
criar essa nova forma radical de Estado era necessário moldar todas as vontades
individuais numa só vontade. E todas as formas de sociedade civil fora do
Estado teriam que ser eliminadas, e todas as esferas de vida (política,
econômica, social, cultural e religiosa) se subordinavam ao Estado fascista. A
outra característica do fascismo foi a necessidade de expansão colonial, que se
daria principalmente com as conquistas no Norte da África. Nesse sentido, toda
ação individual serve unicamente para preservar e expandir o Estado.
No Estado
fascista, liderado politicamente por Mussolini, e filosoficamente por Gentile,
a filosofia de vida para todos os italianos e para os povos conquistados é o
que preconiza o Estado fascista, e quem for contrário a isso deve ser
necessariamente eliminado, inclusive fisicamente.
Nesse
sentido, o fascismo como filosofia de vida não aceita quem discorda dele, tudo
deve ser “uniformizado” em todos os níveis (nas idéias, nos costumes, na
cultura, na roupa, etc.), e sempre personificado na figura do líder (no caso da
Itália, Mussolini). O fascismo como coisa em si não foi eliminado na história,
ele apenas se reformula com os novos tempos, e é preciso ter muito cuidado para
que não voltemos a presenciar mais inferno na face da terra.
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