Por Genaldo de Melo

Considerado um dos melhores vereadores que Feira de Santana já teve, Messias Gonzaga, atualmente Ouvidor da Câmara Municipal, agora envereda pelas trilhas da literatura. Com uma linguagem leve e direta (em estilo Graciliano), ele acabou de lançar seu primeiro livro “Um contador de histórias”.
Livro excelente que se ler numa tarde, dividido em duas partes. Na primeira, ele narra suas peripécias de infância em Serra Talhada (PE). Considerado “menino feio” por sua avó, fez jus de que “menino faz coisa que até o diabo duvida”. Caiu da jumenta, se arrebentou na bicicleta, comeu 14 ovos escondido com o dinheiro dos aluguéis das bicicletas (“porque toda ausência é atrevida”), ganhou apostas comendo cuscuz e chupando limão, e outras coisas mais.
Na segunda parte, Messias narra um pouco da vida política do final do século passado por essas bandas. No início dos anos oitenta “a eleição ocorreu num clima de normalidade. Depois de os candidatos enfrentarem a maratona da campanha, tinham que enfrentar outro obstáculo: a contagem de votos, que era por cédulas. Uma roubalheira terrível, tanto durante a contagem como na confecção dos mapas eleitorais. Muitos candidatos eram eleitos assim. Fui alertado, e minha turma acompanhou atenta a apuração, mas os acessos aos mapas eleitorais eram controlados” (trecho do livro).
Venceu as eleições, e a partir daí tornou-se um ícone que com sua atuação se entrelaça com a própria vida política da cidade nesses tempos. Com riqueza de detalhes, ele narra todos os seus mandatos e os fatos da nossa própria história. Foi o “papa-greve”, o comunista que “ataca até as formigas”, foi quem recebeu Lula pela primeira vez em nossa terra, e teve a grande chance na política desperdiçada, quando o maior líder político de seu tempo, Chico Pinto, o chamou para ser o seu candidato à prefeito, mas não quis (seu grande erro). Também resolveu um problema na Casa da Cidadania com o Professor Amaral (que segundo más línguas vencera a eleição distribuindo peças íntimas para as alunas), porque o mesmo o chamou de macaco.
A leitura de seu livro é obrigatória, porque ele detalha como conseguiu mudar o próprio funcionamento da Câmara de Vereadores, que não tinha gabinete para os edis e nem mesmo assessores. O maior feito que serviu de exemplo para todo o Brasil foi dele: o uso da tribuna livre pela sociedade. Aconselho a leitura!
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