
Por Genaldo de Melo
Durante muitos anos
acompanhamos a eterna discussão sobre a remodelação dos espaços utilizados
pelos comerciantes informais no centro de Feira de Santana, que transformam
aquilo numa verdadeira favela a céu aberto. Motivo de debates acalorados de
gente que na realidade nunca procurou de fato debruçar o olhar sobre o problema
e procurar responsavelmente resolvê-lo. E olhe que de discurso todo mundo já
está mais que cansado no município.
Porém qualquer discurso
prático deve perpassar por duas inferências óbvias no processo. Ninguém pode
pensar que atacando gestores municipais reiteradas vezes, e outros alimentando
o discurso fácil de que o comércio informal gera emprego e renda vai resolver o
problema, porque não vai mesmo. O problema é de raciocínio mesmo, de pensar
politicamente e criar as condições para resolver a situação sem gerar
constrangimento para ninguém.
A primeira inferência de que
a Prefeitura Municipal e seus organismos responsáveis junto com a Câmara de
Vereadores, que sempre foi omissa em relação ao assunto, já deveria ter
resolvido o problema é totalmente verdadeira, já deveria ter pensado nisso a
muitos anos, mas seus gestores estão mais preocupados com política pela
política do que a administração pública de fato.
A segunda inferência de que
sem emprego e renda o povo pensa por si mesmo e gera seu próprio emprego,
porque isso é da lógica do mundo do trabalho, também está na capilaridade da
verdade, porque ninguém vai querer pedi esmolas ou adentrar para o mundo do crime
quando se pode trabalhar informalmente. O povo que trabalha na Sales Barbosa ou
na Marechal Deodoro não tem como organizar a infraestrutura local, porque não é
de sua de competência, isso é do município, pois os gestores são eleitos para
formular soluções para a cidade. Eles estão trabalhando como se estivessem numa
favela comercial porque precisam trabalhar para sobreviver e quem tem que
organizar como deve funcionar o comércio é a gestão municipal.
Agora concluir o discurso de
que depois de tanto tempo que aquela favelização está pronta deve-se despejar
todo mundo para fora dali sem planejamento, é um discurso vazio de conteúdo e
que eticamente não cabe para quem assume a responsabilidade de administrar a
coisa pública para resolver e não para desagregar.
Concordamos com o “Pacto por
Feira”, mas discordamos da forma como querem fazer. Se querem resolver o problema que resolva, mas respeite também os comerciantes
informais. Aliás não concordamos com a falta de raciocínio sendo substituído
pela brutalidade dos que se dizem fortes. O direito reside na força, mas na
força da moral, do diálogo e da construção de processos que resolvam o problema
da estética da cidade, sem tirar as fontes de renda do povo.
Antes de retirar brutalmente
pais e mães de famílias que sobrevivem da chamada favela a céu aberto, Feira de
Santana precisa de fato é pensar em criar um espaço próprio para aquele mercado
informal das ruas do Centro da cidade, com infraestrutura adequada, com
transporte coletivo de todos os bairros da cidade até o local, com exímia
organização que os novos padrões organizacionais exigem, e considerando que
deixe de ser mercado informal então.
Com isso inclusive a
Prefeitura Municipal aumentará sua arrecadação, gerando processos de
desenvolvimento comercial gerando emprego e renda e consolidando nossa cidade
como grande pólo comercial conhecido em todos os cantos desse país.
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