Pular para o conteúdo principal

Eles quiseram fazer milagres!



Por Genaldo de Melo
 
O ano de 2014 foi marcado pela presença de figuras humanas que em suas áreas de atuação sempre se destacam ou já se destacaram em passado recente, mas que pelas suas atitudes e posições tornaram-se folclóricas no cenário brasileiro. Lógico que isso sempre existiu, mas parece que o ano que passou será sempre mais lembrado porque dois fatos importantes mexeram com a vida brasileira. A primeira delas foi a Copa do Mundo de Futebol que aconteceu exatamente aqui, e a segunda as eleições presidenciais mais disputadas da história da nossa jovem República.

Muitos folclóricos surgiram na cena e falar de todos seria necessário escrever um livro e não um texto. Mais entre todos alguns se destacaram veementemente. Entre os principais atores do novo folclore brasileiro destacaram-se: Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus; Luís Felipe Scolari, ex-técnico da Seleção Brasileira de Futebol; o cantor Lobão; Gilmar Mendes, Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF); Silas Malafaia, dono da Igreja Assembléia de Deus Vitória em Cristo; Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF); e Marina Silva, coordenadora do Rede Sustentabilidade e ex-candidata à Presidência da República pelo PSB.

Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus, e agora com barbas de profeta, protagonizou dois fatos que marcaram época no Brasil. O primeiro foi fazer um vídeo convocando os seus fiéis a fazerem um jejum espiritual de informação (não assistir televisão) no período da Copa do Mundo de Futebol. Dizem as línguas que tudo isso porque ficou de fora do processo de concessão para apresentação dos jogos de futebol. Parece que não deu muito certo, porque vimos de fato muitos fiéis assistindo a Seleção Brasileira na Rede Globo. Outro fato marcante foi a inauguração do Templo de Salomão no Brás em São Paulo, imitando o santuário arrasado pelos romanos na antiguidade, com um cerimonial inspirado nos ritos judaicos, com direito a quipá e solidéu, com a presença de Dilma Rousseff, Geraldo Alkimin e outros políticos. Talvez para mostrar seu poder aqui na terra!

Luís Felipe Scolari, ex-técnico da Seleção Brasileira de Futebol, apesar de durante a Copa do Mundo ter virado garoto propaganda de variados produtos em todos os meios de comunicação de massa no Brasil, foi um dos maiores cínicos técnicos de futebol dos últimos tempos. Não assumiu a culpa pela desastrosa derrota para os alemães. Enquanto o Brasil clamava pela saída de Fred do ataque da Seleção Canarinha, ele manteve o indivíduo porque ele fazia gol até deitado como disse seu amigo Galvão Bueno. Suas declarações finais demonstraram cinismo: “disputei três Copas do Mundo e fiquei entre os quatro em todas”, “desde 2002 não chegávamos numa semifinal”. Verdade! Mas no Brasil ele ganhou muito dinheiro com propaganda, e perdeu de 7 a 1 para a Alemanha e 3 a 0 para a Holanda. Tomara que dê certo em sua terra natal, no Grêmio!

O cantor Lobão parece que de uma hora para outra enlouqueceu de vez e resolveu fazer política para largar sua carreira artística, aonde sempre se destacou. Foi prá ruas, defendeu o impeachment de Dilma, outra vez defendeu a volta dos militares, pagou de otário no Congresso Nacional sem a presença de quem o convocou para a mobilização que lá aconteceu, pois este estava nas praias de Florianópolis, e outras doidices mais. Mas recebeu a proposta tentadora de Marcos Feliciano para se candidatar nas eleições de 2018. Tomara que coloque com seu bom rock os deputados para dançar na Câmara dos Deputados de novo, como fizeram alguns no passado!

O Ministro membro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes foi outro indivíduo de nossa República que mais protagonizou atos folclóricos no cenário brasileiro. Deu palpite em tudo! Como adversário declarado do PT disse que Lula não passaria no teste do bafômetro, denunciou que o Supremo Tribunal Federal (STF) poderia se transformar numa corte bolivariana (o povo não sabe nem o que é isso!), suspeitou de lavagem de dinheiro nas doações para pagar as multas dos petistas condenados na AP 470, culpou Dilma pelas suspeitas de frades nas eleições, assustou muita gente ao pedir todos os documentos referentes às contas da campanha de Dilma e outras coisas mais. Em nada acertou! Somente não deu palpite no futebol, pois se desse talvez tivesse acertado em cheio, pelo menos convencendo Felipão a tirar Fred do ataque do time, e melhorar o conjunto.

O representante da extrema-direita religiosa Silas Malafaia, dono da Igreja Assembléia de Deus Vitória em Cristo, revelou-se num grande pé frio. Quando se envolveu diretamente opinando na candidatura da senhora Marina Silva, ela desbancou-se do processo eleitoral. Não se contentando com isso conclamou seu povo para apoiar Aécio Neves, que não compreendeu o pé frio que o mesmo tem, e foi também derrotado nas urnas. Malafaia se destaca pelas suas excentricidades, e capacidade de ganhar dinheiro com o nome de Jesus, mas em 2014 extrapolou em sua vontade estranha de querer a qualquer custo derrotar Dilma Rousseff nas urnas, chegando ao ponto de convocar seus fiéis para “tuitaços” que foi um verdadeiro mico. Chegou a ameaçar seus fiéis com o fogo do inferno se votassem no PT. Foi bom prá Dilma, porque ele pode ser bom pastor, mas de política não entende nada!

Outro folclórico da cena brasileira foi Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça. Este quase vira santo salvador da pátria brasileira e povo quase que acreditou, pois o mesmo ficou em pouco tempo no ostracismo. Saiu da história, mas continua como se estivesse com a capa do Batman, trovejando diariamente em seu Twitter. Lógico quando não está com sua amiga Antonia Fontenelle no teatro! Recentemente no seu Twitter postou o seguinte: “Ministério Público é órgão de contenção do poder político, existe para controlar-lhe e não para assessorá-lo (...)”. Anda lendo além da conta, pois todo mundo sabe que o MP não é maior nem do poder político, nem do Estado, é órgão de investigação do Poder Judiciário.

Mas a mais folclórica de todos os personagens aqui citados sem sombra para dúvidas foi mesmo Marina Silva, coordenadora do seu futuro partido Rede Sustentabilidade, e ex-candidata derrotada a Presidência da República pelo PSB. A história dela foi sempre de mulher vitoriosa. Chegou ao ápice como Senadora da República e Ministra do Meio Ambiente. Mas parece que desde que deixou a companhia política de Lula perdeu um pouco o juízo apaixonada pelo poder. Para aonde vai divide qualquer grupo. Enquanto todo mundo chorava no velório de Eduardo Campos, ex-Governador de Pernambuco ela ria. Cometeu três erros para quem todo o Brasil tinha certeza da mesma no segundo turno das eleições: foi ouvi o representante da extrema-direta religiosa Silas Malafaia; foi ouvi as conversas do povo da FEBRABAN para descentralizar o Banco Central; e se perdeu literalmente em tudo que dizia, ou seja, se perdeu na palavra.

Esperamos que os mesmos em seus respectivos espaços de atuação possam repensar suas atitudes e paradigmas, pois todos eles sem exceção de um modo ou de outro representam simbologicamente valores dentro de uma sociedade que é difusa em sua essência. O Brasil merece valores e símbolos melhores, porque somos a não mais linda do mundo. E folclore  agente já tem demais!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

A cada dia aumenta o número de pré-candidatos em Feira de Santana, agora é Dilton Coutinho

Por Genaldo de Melo Mais um nome entra na fogueira das discussões e cogitações para ser candidato ao Paço Municipal em Feira de Santana, e o assunto não deixa de ser cogitado hoje em rodas de conversas, jornais, sites e blogs, além do mundo política da cidade. Dessa vez surge como candidato o radialista Dilton Coutinho, nome bastante conhecido nos meios de comunicação local. Ontem em entrevista no seu programa Acorda Cidade na rádio Sociedade de Feira FM o deputado federal Fernando Torres (PSD) disse ser pré-candidato a prefeito, mas caso Dilton resolva ser do mesmo modo, ele oferece seu partido para abrigar o comunicador como candidato: “Eu sou pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, mas se você for Dilton Coutinho eu abro mão. O PSD está a sua disposição amigo Dilton Coutinho”, disse Fernando Torres, presidente do PSD no município. Do mesmo modo a discussão apareceu ontem na Câmara de Vereadores pela vereadora Eremita Mota (PDT e pelo vereador David Neto (PTN).

A verdade sobre o esvaziamento das palavras golpe e "Fora Temer"

Por Genaldo de Melo Com a falta de povo nas ruas a mídia trabalha constantemente o esvaziamento do sentido real da palavra "golpe" que está acontecendo de fato.  A palavra "golpe" repete-se, repete-se, e repete-se como um mantra que perdeu o significado.  Num momento tão crucial como este, em que o projeto de governo eleito pelo voto democrático está sendo trocado por outro completamente diferente e que não passou pelo crivo das urnas, substituíram as grandes mobilizações de massa pela ação individual alegórica, pois se pulverizou a indignação popular apenas na palavra “golpe” nas redes sociais e em cartazes.  É impossível não notar que isso ocorre ao mesmo tempo em que a tradicional mídia jornalística trocou a aguerrida cobertura dos acontecimentos econômicos e políticos por um atual tom de meras trivialidades.  Quem acompanha o noticiário político e econômico não deixou de perceber que a mesma indignação que impulsiona inúmeras matérias jornalísti...