Por Genaldo de Melo

No Brasil a grande e
esmagadora maioria da população não está preparada para opinar sobre
determinados assuntos, porque não somos educados para pensar, e quando fazemos
isso não nos deixam. Em todos os aspectos estamos na grande maioria preparados
e manipulados para receber as informações e as opiniões sobre todos os temas em
voga na sociedade, já revestido da opinião de alguns poucos que se acham
iluminados e não representam no tocante os interesses mais difusos da sociedade
brasileira. Ou seja, mesmo que tenhamos capacidade de desenvolver raciocínios
livres, mesmo assim na grande maioria esbarramos em dois fatores principais.
O primeiro deles é que mesmo
que tenhamos opinião formada sobre determinados assuntos, não concordando com o
“status quo” da opinião despejada em nossas mentes pelos poucos que tem a
capacidade de serem assalariados dos grandes meios de comunicação de massa do país,
não temos realmente espaços de mídia para que possamos fazer a contraposição
dos temas abordados na sociedade, exatamente porque os meios de comunicação de
massa no Brasil são monopolizados por poucos. No Brasil a imprensa funciona de
fato no campo estritamente econômico, não sendo como mercado sujeito a nenhum
tipo de regulação como todos os outros setores da economia.
O segundo fator para
raciocínios livres é resultado de nossa própria formação como cidadãos
influenciados pelas opiniões dos poucos que trabalham com duas idéias
principais. Não se pode ir contra a corrente de poucos porque se pode perder no
ridículo de ninguém querer ouvir, porque a verdade dos fatos somente quem tem são
uns poucos iluminados como Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo,
Josias de Souza, Ricardo Noblat, Claúdio Humberto, Willian Bonner, Mirian
Leitão e outros “tirados” a hiperbóreos intelectuais, pois o que eles dizem e
escrevem, no Brasil inteiro se reproduz como praga pelos papagaios da mídia
colonizada nas mais diversas regiões brasileiras. O segundo fato que faz com
que muita gente tenha medo mesmo de opinar sobre determinados assuntos, é que
tudo o que se fala e se escreve deve-se obedecer aos critérios da moralidade
dos poucos, ou seja, qualquer opinião, mesmo que não seja agressão moral, pode
ser enquadrada nos critérios da lei dos poucos.
Como moralismo e juridicismo
sempre foram vertentes ideológicas de uma pequena minoria conservadora no
Brasil, qualquer um que tenha a ousadia de pensar e opinar diferente em nossa
sociedade corre o risco de ter que pagar indenizações a qualquer um desses
cidadãos que não aceitam ser discordados em suas opiniões, porque se acham
realmente homens superiores, e suas opiniões devem ser recebidas por todos como
verdades absolutas.
Contra isso é preciso que o Estado
brasileiro repense de fato na criação de processos que contribuam para que nas
mais variadas regiões brasileiras, mais brasileiros possam opinar sobre todos
os assuntos, segundo os próprios valores regionais, deixando de ter que
obrigatoriamente para poder pensar ter que seguir cartilhas de poucos
indivíduos que em sua capacidade de opinar representam apenas os interesses
econômicos e políticos da pequena casta brasileira que pensa que o Brasil é
somente eles. O Brasil não está somente em São Paulo e no Rio de janeiro!
Se a pequena minoria que
controla os meios de comunicações de massa no Brasil que atuam essencialmente
no campo econômico não concorda com regulação da mídia, então parem de depender
do dinheiro do Estado e vão trabalhar simplesmente com o mercado. A mídia
brasileira é capitalista, e como capitalista deve atuar no mercado do lucro, e não
com quase todo o dinheiro que Estado tem para propaganda oficial. Na dá para
compreender como em todos os setores da economia existem agências reguladoras e
no campo das comunicações do mercado não se pode regular, porque qualquer
discussão sobre o tema diz-se logo que é censura.
Censura de fato é a grande
maioria dos brasileiros que quer escrever e opinar, inclusive diferente do que
pensam os representantes das dez famílias que controlam os meios de comunicações
de massa no Brasil, não possuir nenhum espaço, nenhum jornal, porque o dinheiro
para a comunicação que o Estado tem, que em tese deveria ser para todos, fica
principalmente com as redes de televisão e os jornalões do eixo Rio-São Paulo,
que na grande maioria não divulga nossa cultura. Cultura para eles é o que vem
dos Estados Unidos ou da Europa, como se fôssemos raça inferior.
Ora! Precisamos também ter
dinheiro do Estado para ter nossos jornais com nossas opiniões e com os fatos
do nosso cotidiano, porque não precisamos apenas se alimentar de informações
sobre corrupção, violência, desastres e restos de lixo cultural que nos passam
todos os dias como tóxicos mentais para nos adoecer.
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