Pular para o conteúdo principal

Paisagem da desarticulação de forças

Por Genaldo de Melo
Formadores de opinião ligados as mais variadas matizes ideológicas insistem na narrativa de que a esquerda brasileira está desarticulada, perdida e desorientada, seguindo a narrativa unilateral sem querer opinar sobre a desarticulação política de todas as forças políticas do país depois dessas últimas eleições.

Não é somente a esquerda que está desorganizada, são todas as forças políticas, basta dialogar com a conjuntura. A esquerda perdeu uma eleição que não foi normal, foi um desastre, então é natural sua desarticulação momentânea. Ninguém no campo da esquerda vai dizer que não foi uma catástrofe, pois se esperava de tudo, menos que um sujeito que não discutiu programa de governo com a sociedade ganhasse as eleições. Basta ver que foram perto de 85 milhões de cidadãos que não votaram em Bolsonaro, quem alardeava o antipetismo foi quem o elegeu.

A direita tradicional está mais desorganizada ainda. Não soube avaliar os tempos políticos e derrubou uma presidente eleita no voto e de certo modo com sua perseguição política em vez de desprezar Lula, fez foi transformá-lo na única alternativa a crise criada. Não era para derrubar Dilma, era para sangrá-la politicamente, mas o rancor venceu a sensatez. Quando não se tem um líder em vista para organizar a política, fica-se com cara de paisagem observando os outros a desenhar no papel as paisagens.

A chamada extrema-direita, essa praticamente somente existe no discurso. Basta ver a incompetência política de Bolsonaro, pois ele continua como aquele medíocre deputado sem saber o que faz, continua apenas utilizando a língua ferina que não serve para nada o longo prazo na política. Bolsonaro é uma fraude ambulante que continua mais figurativo do que foi Temer, pois pelo menos Temer é um “constitucionalista”. Se fosse um líder não teria em torno de si quatro grupos numa arena romana, e não perderia tempo para assistir filme pela manhã em dia do meio de semana.

Pelo andar da carruagem os formadores de opinião vão errar mais uma vez, pois quem está mais propenso a se reoganizar é exatamente a esquerda que tem liderança, projetos e alternativas, bastando apenas a unidade. Pelo menos três nomes estão no foco para conseguir tal feito. Haddad que foi o derrotado, mas teve mais de 47 milhões de votos, Flávio Dino que tem demonstrado sensatez e capacidade de organização, e Ciro Gomes, que apenas precisa deixar de ser trapezista e desagregador.

A direita não conta com nenhum grande líder, tem apenas o presidente da Câmara dos Deputados, que não representa todas as suas correntes regionais. A extrema-direita a cada atitude de Bolsonaro e de seus enxeridos filhos se desagrega a olhos vistos, e para se organizar na política tem de conviver em grupo com todos os seus rituais de agregação. 

Não adianta avaliar apenas de forma unilaterial, pois todas as forças estão sem saber de fato o que fazer, estão sendo pautadas apenas pela reforma da Previdência e nada mais. A história é a prova dos nove!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

A cada dia aumenta o número de pré-candidatos em Feira de Santana, agora é Dilton Coutinho

Por Genaldo de Melo Mais um nome entra na fogueira das discussões e cogitações para ser candidato ao Paço Municipal em Feira de Santana, e o assunto não deixa de ser cogitado hoje em rodas de conversas, jornais, sites e blogs, além do mundo política da cidade. Dessa vez surge como candidato o radialista Dilton Coutinho, nome bastante conhecido nos meios de comunicação local. Ontem em entrevista no seu programa Acorda Cidade na rádio Sociedade de Feira FM o deputado federal Fernando Torres (PSD) disse ser pré-candidato a prefeito, mas caso Dilton resolva ser do mesmo modo, ele oferece seu partido para abrigar o comunicador como candidato: “Eu sou pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, mas se você for Dilton Coutinho eu abro mão. O PSD está a sua disposição amigo Dilton Coutinho”, disse Fernando Torres, presidente do PSD no município. Do mesmo modo a discussão apareceu ontem na Câmara de Vereadores pela vereadora Eremita Mota (PDT e pelo vereador David Neto (PTN).

A verdade sobre o esvaziamento das palavras golpe e "Fora Temer"

Por Genaldo de Melo Com a falta de povo nas ruas a mídia trabalha constantemente o esvaziamento do sentido real da palavra "golpe" que está acontecendo de fato.  A palavra "golpe" repete-se, repete-se, e repete-se como um mantra que perdeu o significado.  Num momento tão crucial como este, em que o projeto de governo eleito pelo voto democrático está sendo trocado por outro completamente diferente e que não passou pelo crivo das urnas, substituíram as grandes mobilizações de massa pela ação individual alegórica, pois se pulverizou a indignação popular apenas na palavra “golpe” nas redes sociais e em cartazes.  É impossível não notar que isso ocorre ao mesmo tempo em que a tradicional mídia jornalística trocou a aguerrida cobertura dos acontecimentos econômicos e políticos por um atual tom de meras trivialidades.  Quem acompanha o noticiário político e econômico não deixou de perceber que a mesma indignação que impulsiona inúmeras matérias jornalísti...