Por Genaldo de Melo

Fenômeno conhecido, mas que
últimos tempos se tornou corriqueiro em manifestações por direitos, ou mesmo
para demonstrar indignação coletiva, é a queima de pneus nas estradas
brasileiras. Em qualquer indignação coletiva as pessoas ocupam as rodovias
constrangendo a parcela da população que não tem nenhuma culpa do assunto
requerido, e que no fim das contas não se resolve nada. Até mesmo porque como
isso virou proselitismo com essa forma de se manifestar governo nenhum se
preocupa mais em atender reivindicações das pessoas envolvidas diretamente na
queimas de pneus, até porque sabem muito bem pautados na experiência que sempre
um dia após essas manifestações, até mesmo as pessoas que organizam esse tipo
de evento esquecem-se do assunto.
Outra forma de manifestação
que não tem surtido resultado nenhum para o povo é o incêndio provocado em
ônibus públicos, como aquele que aconteceu em Sorocaba, no Estado de São Paulo,
recentemente com 33 ônibus incendiados no pátio de uma empresa prestadora de
serviços públicos de transporte coletivo. No final das contas quem acaba mesmo
perdendo é o dono da empresa e o povo, porque político não está nem aí para isso,
porque político nenhum anda de ônibus. Aliás, no final das contas quem perde
mesmo é o povo que passa pelo constrangimento da diminuição da frota do já sem
qualidade transporte coletivo, e em muitas situações colaborando com o discurso
do aumento da passagem.
Em ambas as manifestações
aqui citadas um fato é certo, chama sempre a atenção da imprensa. Mas nunca
resolve os problemas sociais suscitados. Em muitos casos a revolta dos
manifestantes nunca tem endereço certo, pois ninguém sabe ao certo se as
reivindicações são dirigidas ao governo federal, estadual ou municipal. São tão
absurdas determinadas manifestações, que basta alguém ser atropelada para ser
motivo de queima de pneus e incêndio de ônibus, sem se saber ao certo o que se
reivindica e mesmo a quem reivindicar.
Interessante é que em locais
que acontecem certos atropelamentos que chocam a sociedade e as reivindicações
são atendidas, constroem-se passarelas para se ver os mesmos manifestantes de
sempre continuarem passando por baixo exatamente das passarelas construídas,
correndo os mesmos riscos de atropelamentos.
As manifestações populares
do passado estão fazendo falta nos dias de hoje. Parece que as tecnologias da
informação e as redes sociais virtuais de hoje não estão substituindo os
movimentos sociais do passado, como a CMP, as federações e associações de bairros,
e os sindicatos sérios que faziam manifestações e paralisações responsáveis. Somente
sei, com certeza, que a queima de pneus em rodovias e o incêndio de ônibus
coletivos não estão servindo prá nada, além de alimentar egos que querem
aparecer na televisão.
O que é mais interessante e
absurdo em tudo isso é que os mesmos manifestantes de sempre vão continuar votando
em outubro próximo em parlamentares que nunca são seus interlocutores de fato
junto aos governos, mas sim representantes de quem lhes financiam em suas
campanhas eleitorais, para sempre comprar os votos e as consciências para o
riso e o esquecimento. Parece que parte do povo lembra sempre do que nunca é
feito pelos governos em três anos e meio, e se apaixonam perdidamente entre
julho e começo de outubro dos anos eleitorais.
Não aconselho, mas vamos
queimar pneus que a gente vai mesmo resolver os problemas sociais do mundo! Ora...
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