Por Genaldo de Melo
Até que ponto podemos
realmente confiar na isenção dos conselheiros dos tribunais de contas pelo país
afora, estes criados para fiscalizar o resultado da utilização do dinheiro
público, quando sabemos que em sua grande maioria são ex-políticos nomeados por
políticos?
Parece brincadeira pensar
que homens que exercem mandatos políticos, quando se arvoram no sagrado direito
de fiscalizar e apresentar pareceres corretos, vão fazer de fato isso, quando
devem favores necessariamente a quem lhes indica para os cargos.
São os fatos comprovados que
fazem com que fiquemos com a “pulga atrás da orelha” quando analisamos o papel
desses que são nomeados politicamente para fiscalizar. O fato é que a maioria
dos políticos em fim de carreira, ou que começam a observar a perda de
prestígio eleitoral, procuram se escorar nos tribunais de contas, principalmente
os estaduais.
Segundo um relatório
recente, resultado de um estudo da entidade de combate à corrupção,
Transparência Brasil, coordenado por Natália Paiva e Juliana Sakai, dos atuais
238 conselheiros de tribunais de contas, 62% conquistaram os cargos depois de
exercer mandatos políticos ou posições de destaque em governos. Além disso, cerca de 15% dos que são
integrantes dos TC’s, que nunca foram políticos, são parentes de políticos
locais.
No Brasil dois terços dos membros
dos tribunais de contas são nomeados pelo Poder Legislativo e o restante pelo
Poder Executivo. O estudo da Transparência Brasil detectou também que dois a
cada cinco conselheiros sofrem processos ou foram condenados pela justiça, ou
nos próprios tribunais de contas, inclusive por improbidade administrativa e
peculato.
Os cargos são muito
cobiçados e disputados nos bastidores por políticos em fim de carreira por
garantir uma aposentadoria confortável. Os conselheiros têm um belo salário, em
geral de R$ 26.500,00, verba de gabinete, direito a nomear funcionários
comissionados e vitalidade nos cargos, com a aposentadoria compulsória aos 70
anos.
Ou seja, as escolhas são
feitas obedecendo aos aspectos subjetivos, como “idoneidade moral”, “reputação
ilibada”, “notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e
financeiros ou na administração pública”, mas a maioria dos escolhidos são
políticos ou afilhados de políticos. E no fim das contas seus pareceres na
grande maioria quando sérios não levam a nenhum tipo de punição, pois os
tribunais de contas não são parte do Poder Judiciário.
E então o que me diz os
Quincas Berros d”Água”?

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