Por Genaldo de Melo

Provavelmente os cidadãos que não acompanham o mundo
político mais de perto, e que geralmente não se interessam por ler o noticiário
político, não tenham observado um fenômeno diferente acontecer nessas eleições.
Ou seja, pela primeira vez houve uma tendência latente de participação das
igrejas evangélicas no processo eleitoral, mais precisamente a participação
massiva da camada da população evangélica votando em candidatos escolhidos ou
apoiados pelas igrejas, principalmente para os parlamentos federal e estaduais.
Decerto que os especialistas do mundo político enxergaram
esse fenômeno, porém poucos se manifestaram sobre o assunto até o momento. O
fato é que realmente aconteceu de nessas eleições os evangélicos resolverem
escolher um lado, que foi em massa votarem em parlamentares evangélicos em todo Brasil. E
o que nos deixa abismados é que em quase todos os Estados da Federação os
candidatos apoiados pelos grupos evangélicos foram sem sombra de dúvidas os
mais votados.
Não temos nada contra a participação de religiosos no mundo
político como cidadãos, mas o nosso medo é os religiosos quererem assumir
discursos contra grupos sociais minoritários que vem a muitos anos lutando por
direitos, ou seja, defender nos parlamentos apenas os seus valores religiosos. Nas
casas legislativas o papel de cada um deve ser o de defender os interesses de
todos os cidadãos para que na sociedade possa haver harmonia, apesar das
diferenças culturais, religiosas e políticas. O Parlamento existe para criar de
fato os acordos de convivências da sociedade diversificada.
A preocupação é latente quando observamos que alguns
deputados que fazem parte da bancada evangélica defendem teses contrárias ao
que o bom senso determinada numa sociedade diversificada de idéias e de
opiniões, e ainda de liberdade conforme determina uma democracia. Já bastaram
as teses malucas que o Pastor Marcos Feliciano (PSC) queria defender na
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados quando foi seu
presidente.
Não se pode deixar de observar atentamente que houve uma
orquestração nessas eleições para que mais deputados evangélicos pudessem
assumir mandatos na Câmara dos Deputados e nas assembléias legislativas de todo
o Brasil. Esperamos que os mesmos que foram eleitos tenham consciência de que o
papel dos parlamentares não deve ser somente representar seus interesses
pessoais e de grupos religiosos, mas sim serem representantes de toda a
sociedade, já que se elegeram através do coeficiente eleitoral formado por
votos das mais variadas correntes de pensamento existentes.
Se não for assim, o futuro pode nos reservar conflitos
sociais sérios, porque vivemos na diversidade, pela diversidade e para a
diversidade.
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