Pular para o conteúdo principal

Não se governa uma democracia com a força das armas

Por Genaldo de Melo
Manifestação contra a ditadura militar, 1968, o estudante da foto, faleceu ao bater a cabeça na queda.
Em toda e qualquer sociedade quando um grupo específico que forma o seu corpo social coordena o governo, os resultados são desastrosos, e essa mesma sociedade passa a ser um regime de exceção, simplesmente porque quem governa deixa de ser governo para todos e passa a ser o governo de um grupo específico de interesses.

Esses governos nascem da existência de crises políticas e distúrbios institucionais, e como sempre se comprovou historicamente eles não servem para nenhuma sociedade, exatamente porque a sociedade é formada por muitos outros grupos de interesses, que podem naturalmente quando se mobilizar politicamente serem eliminados pelo grupo que governa, principalmente quando o grupo governante tem a força das armas.

O caso mais emblemático e conhecido em nossa sociedade foi o governo da ditadura militar de 21 anos, que transformou o país exatamente num regime político de exceção, porque quando um determinado setor da sociedade não concordou com as posturas políticas dos militares foram exterminados pelo uso da força das armas.

Nesse sentido, como estamos vivendo uma espécie de regime brando de exceção, quase que uma ditadura porque o governo não tem apoio da população, a crise política e os distúrbios institucionais atingiram os limites daquilo que pode ser tolerado numa sociedade, e assim uma luz amarela se acendeu. Principalmente quando vemos um general do Exército Brasileiro assumir um discurso de que pode haver intervenção militar no Brasil.

Como o general Antonio Mourão afirmou de que se o judiciário brasileiro não resolver o problema da crise política do país o Alto Comando do Exército pode intervir politicamente (mesmo que a resposta do próprio Exército chegou em conta), é bom que as instituições sérias desse país que não estão no olho do furação da própria crise criada por outras instituições, façam um debate na sociedade, porque tudo o que o país não precisa nesse momento é um novo regime de exceção pautado na força das armas de apenas um grupo de interesses.

O discurso do general mesmo que rechaçado pelo Alto Comando do Exército foi perigoso, porque tudo o que o Exército não pode e nem tem competência para fazer é Segurança Pública como está querendo fazer no Rio de Janeiro, e principalmente lograr a fazer política, pois ao Exército cabe a defesa da nação e a grupos componentes da sociedade civil cabe governar. 

Governar é coisa séria, mesmo sabendo que Michel Temer e sua organização estranha que assaltou o poder pautado nas regras e nos rigores cegos constitucionais, representam uma espécie de distúrbio da libido política desse país. É hora de pensar e não de criar mais crise!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

A cada dia aumenta o número de pré-candidatos em Feira de Santana, agora é Dilton Coutinho

Por Genaldo de Melo Mais um nome entra na fogueira das discussões e cogitações para ser candidato ao Paço Municipal em Feira de Santana, e o assunto não deixa de ser cogitado hoje em rodas de conversas, jornais, sites e blogs, além do mundo política da cidade. Dessa vez surge como candidato o radialista Dilton Coutinho, nome bastante conhecido nos meios de comunicação local. Ontem em entrevista no seu programa Acorda Cidade na rádio Sociedade de Feira FM o deputado federal Fernando Torres (PSD) disse ser pré-candidato a prefeito, mas caso Dilton resolva ser do mesmo modo, ele oferece seu partido para abrigar o comunicador como candidato: “Eu sou pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, mas se você for Dilton Coutinho eu abro mão. O PSD está a sua disposição amigo Dilton Coutinho”, disse Fernando Torres, presidente do PSD no município. Do mesmo modo a discussão apareceu ontem na Câmara de Vereadores pela vereadora Eremita Mota (PDT e pelo vereador David Neto (PTN).

A verdade sobre o esvaziamento das palavras golpe e "Fora Temer"

Por Genaldo de Melo Com a falta de povo nas ruas a mídia trabalha constantemente o esvaziamento do sentido real da palavra "golpe" que está acontecendo de fato.  A palavra "golpe" repete-se, repete-se, e repete-se como um mantra que perdeu o significado.  Num momento tão crucial como este, em que o projeto de governo eleito pelo voto democrático está sendo trocado por outro completamente diferente e que não passou pelo crivo das urnas, substituíram as grandes mobilizações de massa pela ação individual alegórica, pois se pulverizou a indignação popular apenas na palavra “golpe” nas redes sociais e em cartazes.  É impossível não notar que isso ocorre ao mesmo tempo em que a tradicional mídia jornalística trocou a aguerrida cobertura dos acontecimentos econômicos e políticos por um atual tom de meras trivialidades.  Quem acompanha o noticiário político e econômico não deixou de perceber que a mesma indignação que impulsiona inúmeras matérias jornalísti...