Por Genaldo de Melo

Depois de vários terremotos
políticos que Dilma Rousseff enfrentou nos últimos dois meses, vencendo um a um
apesar de todas as dificuldades, agora ela entra na fase mais crucial, conforme
consta na observação dos rumores do mundo político. Pelo que avaliam os
especialistas de todos os campos ideológicos a presidente reeleita por margem
mínima de votos está no meio da estrada, e numa verdadeira encruzilhada.
Ela enfrentou nas eleições
de outubro um candidato ungido pelos setores alucinados do poder econômico, pelos
conglomerados midiáticos que mais uma vez escancaram que na política têm lado,
e um grupo político que já governou o país por duas oportunidades, e que queria
a qualquer custo voltar ao poder. Agora vem realmente a fase mais difícil, que
é ter que governar um mosaico de interesses difusos, numa matemática do Congresso
Nacional muito desfavorável para quem desejaria governar em céu de brigadeiro.
Desse modo, ela já começou a
mexer as peças do jogo do xadrez político pelo setor econômico, que talvez seja
de fato o mais emblemático. Não resta dúvida que os setores mais importantes da
economia brasileira são a agropecuária, a indústria e o setor bancário. As escolhas
colocadas no tabuleiro por enquanto deixam muita gente com a pulga atrás da
orelha: Kátia Abreu, Armando Monteiro e Joaquim Levy.
Parece que pode haver uma espécie
de dissonância com as forças partidárias do Congresso Nacional mais conservador
que entra a partir de janeiro de 2015, e sob o fogo cruzado da Operação Lava
Jato que pode incinerar entre 80 a 250 parlamentares eleitos em outubro último,
provavelmente muitos deles com apoio das empresas envolvidas no escândalo.
O partido da Presidente
perdeu força no Congresso com a não eleição de 18 nomes a menos. Os evangélicos
de forma “milagrosa” aumentaram sua bancada, considerando que vão querer pautar
a sociedade para o debate de temas relacionados as teses morais e religiosas
que defendem, mais que do ponto de vista da economia podem ser uma incógnita,
exatamente por serem conservadores e de partidos políticos que trocam votos em
pautas comuns a todos. A bancada ruralista é uma das que mais vão ser
influentes em todos os debates quando os temas forem de interesse, pois segundo
a Frente Parlamentar da Agropecuária, a mesma será formada por 50% da Câmara
dos Deputados, pois tem 257 deputados eleitos. Diante desse cenário quem pode
dizer que Dilma Rousseff não está literalmente numa encruzilhada?
Por isso, que parece que não
há consonância nas primeiras e mais importantes escolhas do futuro Governo!
Kátia Abreu que veio do DEM, passando pelo PSD e agora PMDB, sempre foi a mais
encrenqueira e defensora dos interesses dos grupos mais difusos da agropecuária
brasileira. Como novata no Governo
parece pelos rumores que ela não representa nem o PMDB, nem a maioria do agronegócio.
Mas ela pode ser motivo de transformar a Esplanada dos Ministérios em palco dos
maiores protestos da República brasileira. Pelas ameaças é esperar prá ver, pois
a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) nunca conseguiu
unificar ninguém, nem os seus.
Armando Monteiro (PTB-PE)
sendo o escolhido para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
como presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), também deixa claro
um certo distanciamento do seu partido, na escolha de Dilma. Apesar de ser
aliado do PT em Pernambuco, inclusive como candidato derrotado apoiado pelas
forças petistas, seu partido não apoiou a candidatura de Dilma Rousseff no segundo
turno das eleições. Se ele for igual ao presidente da Federação das Indústrias Estado
de São Paulo, Paulo Skaf, seus interesses pessoais sobrepujarão os interesses
dos deputados de seu próprio partido, aliás de seu próprio partido.
Em relação aos planos da
economia brasileira de fato, tomara que no Ministério do Planejamento, Nelson
Barbosa possa ser um contraponto positivo. Pois Lázaro Brandão, presidente da
Federação Brasileira dos Bancos (FEBRABAN), não liberando Luiz Carlos Trabuco,
presidente do Bradesco, indicou e emplacou o senhor Joaquim Levy para o
Ministério da Fazenda, amigo pessoal nada mais nada menos do que o escolhido para
a Secretaria Estadual da Fazenda em São Paulo por Alckmin. Isso significa para
bom entendedor, que mesmo Dilma Rousseff vencendo o poder econômico, este dará
as cartas na economia da República brasileira, a não ser que os indicados possam
ser funcionários do Estado, que tem como chefe exatamente Dilma Rousseff.
Para lembrar a encruzilhada
que Dilma se encontra diante desse cenário não podemos esquecer que a Câmara
dos Deputados formada por cerca de 360 deputados eleitos com apoio de apenas 10
empresas financiadoras, segundo dados do TSE, terá 05 bancadas influentes para
lhes dá trabalho: A bancada do Bife, a bancada dos bancos, a bancada das mineradoras,
a bancada da construção civil, e a bancada dos evangélicos.
No bojo da Lava Jato parece
que Dilma nos principais setores do Governo não está negociando com
intermediários (senadores e deputados), mas diretamente com os representantes
do poder econômico, que financiam os parlamentares. Deixando o resto do Governo
para construir o pêndulo dos mais difusos interesses dos partidos políticos e
dos parlamentares mais influentes.
Tomara que os braços a as
pernas acompanhem a cruz colocada para Dilma Rousseff, porque é o Brasil que
está em jogo!
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