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Quem vai administrar a Agricultura Familiar?



Por Genaldo de Melo
 
Considerando as dimensões da Agricultura Familiar no Estado da Bahia, e o que a mesma representa para a maior parcela da população que vive nos espaços menos densamente povoados, e que dela substancialmente sobrevive, e cônscios agora que o novo governador eleito, Rui Costa, decidiu pela criação da Secretaria de Estado específica para cuidar do assunto, resta que parabenizemos pela iniciativa pioneira que reconhece assim a importância deste que é um dos mais importantes setores da economia baiana.

Durante os governos anteriores muito se discutiu sobre Políticas Públicas para o fortalecimento da agricultura de porte familiar, mas em suma pouco se fez, restando ao agronegócio em alguns territórios hegemonizar os interesses, fortalecidos evidentemente pela existência de um Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento forte e com muito dinheiro para apoiá-lo política e financeiramente, com bancos públicos fortes, a exemplo do BNDES, como parceiros diretos, além de uma secretaria estadual na Bahia exclusivamente em sua função, já que sempre teve alguns órgãos internos sem dinheiro para a Agricultura Familiar.

Na Bahia as exceções são poucas de estruturas para a Agricultura Familiar. Entre os órgãos existentes estão a Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), a Superintendência da Agricultura Familiar (SUAF) e a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), entre outros, que mantêm algumas poucas políticas para tanto. Mas é lógico que isso é muito pouco para um setor que segura a vida de milhões de pessoas dos municípios considerados estritamente rurais, entre dinâmicos, transitórios e deprimidos, distribuídos nos territórios de identidade do Estado.

Com a criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural, separando o que se produz para a mesa dos baianos, da soja e dos produtos agrícolas para exportação, renasce uma esperança para que possamos ver de fato o começo de políticas de fortalecimento da Agricultura Familiar em nosso Estado. Fato esse que deve ser comemorado com uma vitória e como certeza de que o novo Governo eleito já começa cumprindo suas promessas de campanha.

Mas um dilema se reproduz nos bastidores do mundo político. Politicamente a Agricultura Familiar na Bahia é difusa em sua representação em todos os espaços políticos e de tomadas de decisões. Como existem vários grupos institucionalizados e outros não, que cotidianamente lutam por Políticas Públicas (redes, federações, sindicatos e ONG’s, que somente se juntam para brigar por migalhas) de onde sairia um quadro com competência técnica e política, com um grupo forte e capaz para administrar a nova Secretária para todos? Pois pelo que se consta nos últimos anos todos esse atores só estiveram juntos para eleger Lula, Wagner, Dilma e agora Rui Costa!

Parece que a boa iniciativa coloca para Rui que quer cada vez mais se fortalecer no interior do Estado, como vem inclusive dizendo, mais um dos mais variados nós górdios. Pois em matéria da Agricultura Familiar na Bahia, ela é realmente difusa politicamente.

Parece que além de ter que escolher um técnico para essa função, Rui Costa, tem também de escolher um quadro que seja político com trânsito em todos os grupos, para não correr o risco de ser mais uma Secretária de Estado monopolizada para eleger sempre determinados deputados. Principalmente quando vemos pela primeira vez nos últimos tempos o agronegócio dividido politicamente no Brasil em relação ao convite de Dilma Rousseff para a senhora Kátia Abreu.

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