Por Genaldo de Melo
É preciso de muita sanidade para que não
possamos inserir insanidade em nossa opinião a respeito das controvérsias e
polêmicas sobre o papel do chamado Jornalismo da Obediência no Brasil, capitaneado
exatamente por cerca de dez famílias que monopolizam o mercado das comunicações
no país. Mas não se pode em sã consciência admitir que tanto dinheiro público
seja destinado da propaganda oficial do Governo Federal e das estatais para
sustentar exatamente os setores das comunicações que utilizam esse mesmo jornalismo
para exatamente combater as Políticas Públicas do Governo Federal. É preciso
eliminar os disparates existentes de quem sustenta um jornalismo comercial, que
como ator do mercado das comunicações, trabalha exclusivamente contra a mão que
lhe sustenta financeiramente.
É uma verdadeira insanidade o que o Estado
brasileiro está fazendo sustentando apenas dez famílias que buscam a todo o
momento eliminar com sua opinião a força e o papel do Estado. É um disparate
você ver a todo o momento o Jornalismo da Obediência trabalhar a ideia intrínseca
de Estado Mínimo. Quando se busca trabalhar a diminuição do papel que exerce a
Petrobrás no Brasil, por exemplo, porque indivíduos como aves de rapina
roubaram a empresa, esse jornalismo doente sustentado exatamente pelo Estado,
está cometendo um verdadeiro desatino. Ora, incentivar que escritórios de
advocacia americanos entrem com processos de indenização contra a Petrobrás,
pode ser também comparado com os roubos e maus-feitos de alguns que quebraram a
confiança do Estado. Quem roubou deve ir para a cadeia, mas a Petrobrás não deve
e não pode mais ser sucateada como vem defendendo os meios de comunicações, nas
entrelinhas de seus discursos e editoriais.
É um absurdo o que os meios de comunicações
de massa no Brasil estão fazendo contra o patrimônio do Estado! O Estado
brasileiro precisa de fato em repensar a questão da regulação econômica da
mídia no país. Digo econômica, porque todas as vezes que a gente fala nesse
assunto aparecem uns beócios com a ideia de que estamos defendendo censura do
que se produz em matéria de jornalismo. Não temos o direito de defender censura
da mídia, mas temos sim o dever cívico de dizer que o Estado não pode sustentar
o mercado das comunicações que luta ferozmente contra o próprio Estado.
Nos últimos 14 anos foi uma verdadeira farra de
dinheiro público para propaganda oficial concentrada em apenas umas poucas
empresas das comunicações de massa, com o discurso defendido inclusive pela Secretaria
das Comunicações da Presidência da República, de que se deve concentrar a
propaganda oficial nos locais de mais audiência. Ora, audiência existe porque
tem dinheiro investido, e muito, em poucos. Ora, distribua-se mais dinheiro
para propaganda oficial nos meios de comunicações alternativos que veremos em
breve quem tem audiência! Audiência existe exatamente aonde tem dinheiro, pois
quem não tem dinheiro não pode ter eficiência para atingir os ápices de
audiência no Brasil. A Rede Globo tem muita audiência, por exemplo, porque
recebe bilhões do Estado, para fazer sua programação de qualidade e concentrar
sua audiência.
Vamos a alguns números apresentados pela
Secretaria das Comunicações da Presidência da República sobre como acontece a
distribuição do financiamento público em propaganda oficial. Enquanto se coloca
rios de dinheiro público nas mãos de apenas dez famílias no Brasil, o Estado
coloca nos meios alternativos de comunicação apenas 2% do dinheiro para esse
trabalho de massificação das ações do Estado. A verba oficial para isso em 2013
foi de R$ 2,3 bilhões, sendo que 64% disso saiu das estatais e o restante de R$
800 milhões dos cofres do próprio Estado. A Petrobrás que mais gasta é quem
sofre mais ataques de quem a mesma praticamente sustenta financeiramente.
De 2000 até 2014 a Rede Globo recebeu do
Estado R$ 4,2 bilhões, a Rede Record que recebeu 1,3 bilhão, o SBT recebeu R$
1,2 bilhão, seguido da Bandeirantes que recebeu R$ 1 bilhão. Em relação às
empresas que trabalham com jornalismo impresso as que mais receberam foram as
seguintes: a Abril Comunicações, que edita inclusive a Revista Veja, recebeu no
período R$ 298 milhões; a empresa Folha da Manhã, que edita o jornal Folha de
São Paulo recebeu a fortuna de R$ 206 milhões; e O Estado de São Paulo recebeu
seus R$ 188 milhões. Quer dizer então que essa mixaria não ajuda a ter
audiência e leitores?
Entre as estatais que mais gastam com essas
empresas para fazer propaganda de seu trabalho estão a Petrobrás, a Caixa
econômica Federal, o Banco do Brasil e os Correios. Somente para se ter ideia a
Petrobrás do ano de 2000 até agora disponibilizou
R$ 4,6 bilhões e em 2013 gastou 429 milhões, a Caixa econômica Federal
disponibilizou R$ no período R$ 4,5 bilhões e em 2013 R$ 420 milhões, o Banco
do Brasil disponibilizou a quantia de R$ 4,2 bilhões e em 2013 R$ 353 milhões,
e os Correios gastaram no mesmo período R$ 1,3 bilhão e em 2013 R$ 204 milhões.
Bom lembrar aqui que não está incluído nesses pacotes o investimento feito por
essas empresas em projetos sociais, culturais e esportivos.
É preciso de fato ter muita sanidade para
entender isso, mas ter o dever moral de mandar o Estado tomar vergonha e
distribuir melhor o dinheiro das comunicações no Brasil ou então discutir de
fato a questão da regulação econômica, porque senão vai ser assim o Estado
financiando a audiência dos monopólios das comunicações, enquanto os pequenos
recebem as migalhas dos 2%.
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