Pular para o conteúdo principal

Para que serve a liberdade de expressão, então?

Por Genaldo de Melo
Resultado de imagem para Imagem da Constituição brasileira
Vejo hoje várias matérias em vários meios de comunicação brasileiros que a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, quer que a presidente afastada “politicamente”, Dilma Rousseff, ofereça obrigatoriamente explicações sobre seu discurso de que foi vítima política de golpe. Ou seja, ela deve explicar o que significa a palavra “golpe” que sofreu dos puros e dos santos 367 deputados federais que desrespeitando quase 54 milhões de cidadãos brasileiros, que escolheram deixar Dilma governar democraticamente por mais quatro anos, afastaram ela antes mesmo de qualquer julgamento de contas da parte do Tribunal de Contas da União.

Fiquei extremamente preocupado! Mas pode ser que minha preocupação seja resultado de minha própria ignorância do papel que deve exercer o judiciário brasileiro em relação ao direito da liberdade de expressão como garante a Constituição Federal. Pode ser realmente que eu seja um ignorante e esteja aqui omitindo opinião resultado da minha própria ignorância, mas não posso compreender como uma ministra da mais Alta Corte brasileira ouvindo um grupo de deputados que não gostam de ser chamados exatamente do são, golpistas, ignora e viola o inciso IV do artigo 5º. da Constituição de 1988, de acordo com o qual “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.

Pelo que sei Dilma é brasileira, não vive no anonimato, e nem mesmo está cometendo um crime ao dizer que está sofrendo um “golpe” político, por que mesmo os mais mesquinhos intelectualmente falando, exatamente aqueles que cegamente acreditam em Rede Globo e outros em Papai Noel, sabem que contra Dilma não foi provado nenhum tipo de crime, enquanto que a maioria daqueles que não gostam do dedo apontado em seus rostos como mentores do golpe político, estão envolvidos em processos "marrons" pelos mais variados crimes contra a coisa pública.

Minha preocupação é que a partir desse ato e desses pormenores contra uma Presidente da República eleita diretamente pelas prerrogativas da democracia plena, isso possa servir de discurso, e de punitiva multiplicação contra qualquer pessoa que omita opinião sadia, respeitando as convenções sociais e dentro das regras que garantem a Constituição Brasileira. Ou seja, minha preocupação é que daqui a pouco correremos todos o risco de não podermos mais omitir nossas opiniões, ou mesmo não podermos mais manifestar indignação sadia contra o sistema de "coisas em si" que não concordamos como nos garante as regras de nossa democracia.


Se um chargista pode ser condenado porque fez uma charge indignado com certos advogados, se um grupo de estudantes não podem se manifestar numa universidade, se uma Presidente da República, que por enquanto somente está afastada “politicamente” não pode falar a palavra golpe que está sofrendo, imagine o que não pode acontecer com um jornalista independente ou mesmo com um blogueiro qualquer que apenas omitem suas opiniões em seus espaços de atuação! Considero necessário, literalmente necessário, a existência dos guardiões da Constituição Brasileira, bem como das leis que regem nosso país, mas considero mais necessário ainda que estes de fato cumpram também o está escrito como regras para todos os brasileiros.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

A cada dia aumenta o número de pré-candidatos em Feira de Santana, agora é Dilton Coutinho

Por Genaldo de Melo Mais um nome entra na fogueira das discussões e cogitações para ser candidato ao Paço Municipal em Feira de Santana, e o assunto não deixa de ser cogitado hoje em rodas de conversas, jornais, sites e blogs, além do mundo política da cidade. Dessa vez surge como candidato o radialista Dilton Coutinho, nome bastante conhecido nos meios de comunicação local. Ontem em entrevista no seu programa Acorda Cidade na rádio Sociedade de Feira FM o deputado federal Fernando Torres (PSD) disse ser pré-candidato a prefeito, mas caso Dilton resolva ser do mesmo modo, ele oferece seu partido para abrigar o comunicador como candidato: “Eu sou pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, mas se você for Dilton Coutinho eu abro mão. O PSD está a sua disposição amigo Dilton Coutinho”, disse Fernando Torres, presidente do PSD no município. Do mesmo modo a discussão apareceu ontem na Câmara de Vereadores pela vereadora Eremita Mota (PDT e pelo vereador David Neto (PTN).

A verdade sobre o esvaziamento das palavras golpe e "Fora Temer"

Por Genaldo de Melo Com a falta de povo nas ruas a mídia trabalha constantemente o esvaziamento do sentido real da palavra "golpe" que está acontecendo de fato.  A palavra "golpe" repete-se, repete-se, e repete-se como um mantra que perdeu o significado.  Num momento tão crucial como este, em que o projeto de governo eleito pelo voto democrático está sendo trocado por outro completamente diferente e que não passou pelo crivo das urnas, substituíram as grandes mobilizações de massa pela ação individual alegórica, pois se pulverizou a indignação popular apenas na palavra “golpe” nas redes sociais e em cartazes.  É impossível não notar que isso ocorre ao mesmo tempo em que a tradicional mídia jornalística trocou a aguerrida cobertura dos acontecimentos econômicos e políticos por um atual tom de meras trivialidades.  Quem acompanha o noticiário político e econômico não deixou de perceber que a mesma indignação que impulsiona inúmeras matérias jornalísti...