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Verdes arejam o derretimento da direita

No México, os ambientalistas do Partido Verde Ecologista (PVEM), apoiaram o candidato da direita, Henrique Peña Nieto, do PRI. Na Venezuela, o Movimento Ecológico Venezuelano,cujo símbolo é um radiante girassol, entregou-se de corpo e alma à candidatura do engomadinho Henrique Capriles Randonski, com o qual os golpistas de ontem testam sua versão 'moderna e jovem' de hoje. Em São Paulo, o PV apoia José Serra, que dispensa apresentações. Em Salvador, os verdes estão fechados com o demo Antonio Carlos Magalhães Neto, de tradição conhecida.

Alianças e coligações são poções frequentemente indigestas e nem sempre contornáveis na disputa política. Em São Paulo, o PT provou do intragável ao disputar com Serra o minuto e meio do PP no horário eleitoral; o preço da vitória foi cobrado em espécie: a desgastante foto com Maluf custou a Fernando Haddad a perda de Luiza Erundina.

No lusco-fusco eleitoral uma palavra divide as margens do mesmo rio: hegemonia. O PT é criticado pelo padrão catch-all com o qual pavimentou o caminho ao poder, embarcando em seu comboio tudo o que aparecer pela frente. A pecha de 'partido-ônibus' convive com o reconhecimento unânime de que essa voracidade não alterou uma determinação de exercer a hegemonia do processo. O que se passa com boa parte do ambientalismo --não todo ele- é o avesso disso.

Ao assumir a função de glacê para tornar digerível uma direita que já não ousa sequer apresentar-se como tal, o ambientalismo distrai a opinião pública servindo de camuflagem a uma lógica destrutiva contra a qual, supostamente, deveria lutar.

Se 'o verde' carece de seriedade, o mesmo não se pode dizer da urgência ambiental.

O meio-oeste dos EUA vive a sua pior seca em meio século. O corn-belt, de onde sai a metade do milho comercializado no planeta, avalia perdas de safra da ordem de 20 a 35 milhões de toneladas este ano. Secas da Sibéria à Índia contrastam com a virulência das inundações recentes no Japão, Coréia, China e Filipinas. É temporada de tufões e ciclones, justificam os céticos do aquecimento. A frequência dos eventos extremos, porém, não sanciona a complacência engajada na defesa dos interesses emissores dos países ricos.

Picos de calor que costumavam ocorrer uma vez a cada 20 anos, ganharam padrão anual e bianual, informa a Nasa. No final de junho, Atlanta, nos EUA, registrou a maior temperatura de sua história: 41 graus Celsius. Washington foi açoitada por ondas de calor, as mais elevadas dos últimos 135 anos. No centro e no sul da Espanha os termômetros atingiram cerca de 40 graus, provocando os maiores incêndios em duas décadas nos bosques do país.

Forças e interesses aglutinados em torno de candidaturas como as de Capriles, Pena Nieto ou Serra são parte do problema ambiental que sacode e estreita o horizonte humano. Ao aliar-se a elas o ambientalismo não apenas se desqualifica, como corrói a credibilidade de uma agenda de pertinência histórica e urgência crucial.

Em muitos casos, a manipulação do celofane verde não é sequer dissimulada. Antonio Carlos Magalhães Neto, candidato demo à prefeitura de Salvador, não hesita ao responder por que escolheu a educadora Célia Sacramento do PV, como vice: 'Arejar a chapa; faço questão de dizer que se trata de uma candidatura pluripartidária', escancara.Mais reservado, um membro de sua equipe confidenciou ao jornal Valor, desta 3ª feira, que o partido de ACM Neto, o DEMO, ficará totalmente "out" da campanha. "Se não fizermos isso, estamos mortos", admitiu.

Fonte: Editorial de Carta Maior

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