Por Genaldo
de Melo

O limite da tolerância em
relação aos índices de violência em Feira de Santana já foi ultrapassado há
algum tempo, e parece que poucas pessoas, absolutamente muito poucas, estão de
fato preocupadas com isso, além de alguns espaços de opinião, que acabam por se
dividir em dois grupos. Primeiro os mais sérios, que preocupados com esse
fenômeno, procuram chamar a atenção do Poder Público instituído para
solucionar, ou até mesmo contribuir com o conjunto da sociedade com a solução
do problema. O segundo gosta mesmo é de sensacionalismo, e sabe que sangue
chama atenção de muita gente boa, e naturalmente choca outros.
A violência cantada e declamada,
e que de fato está a invadir todos os nossos espaços, não pode ser justificada
pela existência de uma clara Dinâmica de Fronteira, nem como por Feira de
Santana ser caracterizada como cidade de maior entroncamento rodoviário do
Norte-Nordeste do Brasil. A violência que está a se assolar e está a
“consolidar” a imagem de que somos violentos, é resultado de premissas da
própria sociedade política feirense. Violência urbana tem que ser tratada como
coisa séria e combatida com Políticas Públicas transparentes de Segurança
Pública, educação de qualidade e geração de emprego e renda.
Já sabemos de experiência
própria de várias causas desse mal social, que está deixando não somente a
população preocupada, mas literalmente desesperada. Causas essas que têm deixado
nas noites de sextas-feiras e sábados, variados pontos culturais e de lazer da
cidade, que antes eram disputados, literalmente desertos. Porque o medo de ser
assassinado a qualquer hora, pela violência “nua e crua”, por um mínimo de
detalhe, está transformando grande parte da população de Feira de Santana em
pessoas solitárias, presas em suas casas entre cadeados de metais absurdos, em
pleno mundo moderno, quando abertamente não existe mais escravidão.
Nem nas portas das igrejas
aonde as pessoas rezam temos mais segurança de vida. Algumas congregações
religiosas, por mais variados motivos, já colocam seguranças, porque senão
fieis não mais comparecerão nos cultos...
As premissas do aumento
avassalador da violência na nova metrópole estão condicionadas a drogadição, e
principalmente na falta de ocupações produtivas para a juventude. E esta última
é causadora da primeira. De quem é mesmo a responsabilidade de pensar em Feira
de Santana na diminuição desses índices, que nos envergonham, considerando ainda
assim, que esse problema é tão difícil de resolver sozinho, por vários fatores,
que estão aquém dos atores políticos?
Do Estado? Mas o Estado
sozinho não pode resolver esse problema, que politicamente tem que ter o
envolvimento e capacidade local. Do município? Mas ele sozinho também não tem
competência para dirimir soluções de Segurança Pública, que constitucionalmente
compete às instâncias superiores da nossa Federação.
A culpa pode ser da
incapacidade planejada daqueles que em vez de pensar a política como um
processo de construção de uma sociedade em que deve ser para todos os seres
humanos, independentemente de textura de pele e de sua conta bancária, pensa
apenas no controle do Poder pelo Poder. A criminalidade de Feira de Santana
nunca vai abaixar as armas, porque é da sua natureza! Quem deveria pensar
formas de prevenção para enfrentar tal problema não quer pensar, porque sempre
haverá a saída de colocar a culpa nos outros.
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