Por Genaldo de Melo

Sob o manto sagrado da
democracia brasileira reside o império absoluto do direito às opiniões
diferentes mesmos que estas contrariem as demais opiniões existentes sobre
determinados temas em relevo em nossa sociedade. Não poderia ser diferente
também quando escolhemos opinar sobre política em nosso país. É óbvio que
pensamos todos de forma diferente, mas em suma todos convivem juntos nos mesmos
espaços sob o império do respeito aos contrários. Desse modo, penso diferente
de muita gente que está alardeando a necessidade de impeachment da presidente
Dilma Rousseff (PT).
Tenho amigos peemedebistas, petistas,
comunistas e outros, e amigos que também votaram no mineiro de paletós
italianos e boas doses de dezoito anos na cabeça. Mas nem por isso somos
inimigos somente porque temos opiniões diferentes. Ouço todos em suas posturas
políticas e ideológicas, porém tenho absoluta certeza que jamais vai acontecer
qualquer tipo de golpe contra a democracia estabelecida em nosso país. Dilma
ganhou as eleições no voto e por isso que ela vai até o fim.
Especialistas em ciência
política e políticos experientes de diferentes matizes ideológicas todos quase
em unanimidade dizem a mesma coisa, que não tem fundamento nenhum para um
processo de impeachment contra o governo legítimo de Dilma. Segundo analistas
entrevistados pela BBC Brasil, apesar dos graves problemas enfrentados pelo
Governo, não está claro qual seria as razões para um processo dessa natureza.
Em política tudo é permitido do ponto de vista de opiniões divergentes e a
polarização no Brasil está ficando muito forte, entre o PT e a oposição, bem
como entre o governo e a Câmara dos Deputados, mas isso por si só não é
premissa para tanto. Mas o discurso do impeachment nunca está fora da questão
política, como por exemplo, nos Estados Unidos onde constantemente fica a turma
do Tear Part falando disso o tempo todo, mas sem sustentação política para
tanto, da mesma forma que aqui no Brasil.
Entre os partidos políticos
não estou vendo essa movimentação além de pessoas do PSDB que querem a qualquer
custo o poder sem participação em processos eleitorais, porque eles vêm sendo
derrotados pela turma do PT e partidos aliados desde 2002. Mas em caso de
impeachment não são eles que vão governar como pensam e sim o PMDB, e nisso
reside o princípio da certeza de que essa fantasia não se realiza no Brasil.
O escândalo de corrupção da
Petrobrás, que já provocou o rebaixamento da nota da empresa pela agência de
classificação de risco Moody’s está sendo colocado pelos analistas como o
principal problema de Dilma Rousseff (PT), mas os analistas ressaltam que nada
indica que a presidente, que esteve à frente do Conselho de Administração da
empresa entre 2003 e 2010, tenha tido algum envolvimento ou soubesse dos casos
de corrupção. Isso está mais parecendo com um jogo de interesse de lobistas
estrangeiros interessados em controlar os resultados vindouros do Pré-sal do
que mesmo interessado nos lucros da empresa para o próprio Estado brasileiro.
Uma pena que determinados brasileiros não gostam do povo brasileiro, e ainda
numa clara resistência à raciocínio querem estabelecer um golpe na democracia.
A cadeia também foi feita para os bandidos que roubaram a empresa, mas o
discurso torto de que a mesma deve ser privatizada, aqui sim é
irresponsabilidade com o Estado brasileiro que não pode ser tolerada.
Existe latente entre
partidos da oposição e alguns da base aliada o interesse do enfraquecimento de
Dilma e não seu impeachment, pois ninguém do mundo político ganharia com isso.
O PSDB não tem condições políticas para impor essa agenda ao Congresso, pois
precisaria do PMDB e partidos da coalização. E para dizer a verdade nenhum
desses partidos políticos está interessado em ver isso acontecendo, preferem o
governo sangrando mas não caindo, pois ninguém tem bola de cristal para saber
exatamente o preço das consequências de um golpe na democracia brasileira.
Dilma enfrenta muitos problemas hoje com o Congresso Nacional e com a própria base
aliada, num momento em que tanto o PT e o PMDB maiores bancadas perderam
cadeiras, mas o Congresso está mais do que nunca fragmentado e o jogo dos
interesses políticos apesar de mais conservador tornou-se mais difuso e sem
grandes comandos de lideranças de passado recente.
Mas me vem um cidadão e diz
que Fernando Collor de Melo caiu no passado e poderá acontecer a mesma coisa
política hoje no Brasil. As premissas históricas estão para dizer que existe
uma diferença abismal entre a saída de Collor do governo e o que está
acontecendo hoje. Quem está fazendo política para impor uma agenda ao Congresso
Nacional para a possibilidade de um processo de impeachment não são de fato os
partidos políticos, mas a mídia comercial que se partidarizou, coordenada pela máquina
da imbecilidade do Jornalismo da Obediência localizada no Jardim Botânico no
Rio de Janeiro e pela turma da Avenida das Nações Unidas de São Paulo, que está
aos poucos falindo fatalmente. Mas a democracia consolidada estabelece que o
poder seja definido pelo número de votos que um grupo político tem nas urnas, e
está comprovado democraticamente que mais da metade do povo brasileiro do ponto
de vista eleitoral não ouve mais as grandes famílias da mídia conservadora,
pois foram quatro eleições seguidas de derrotas fragorosas, causa de grande
ódio e rancor, capaz de perigosamente dividir o país em dois. O que está em
jogo é uma irresponsabilidade que ultrapassa os limites da compreensão e da
tolerância política no Brasil.
Os assessores midiáticos da
oposição ao governo de Dilma Rousseff (PT) deveriam ajudá-la a construir
democraticamente um projeto de Brasil e vender seu produto para o povo brasileiro,
porque do contrário vão passar mais um vexame eleitoral em 2018, porque não têm
nem nomes de peso, além dos sempre derrotados eleitoralmente, e nem ideias,
além de rancor, ódio e irresponsabilidade com a nação brasileira. A oposição
precisa lembrar que se for para depender apenas da ajuda e assessoria da mídia dos
poucos é melhor se preparar para solicitar uma participação no próximo governo,
porque Lula vem aí e não acredito na possibilidade de surgimento de uma
liderança, mesmo em bloco, capaz de derrota-lo nas urnas.
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