Por Genaldo de Melo
Um amigo encaminha mensagem e pede minha opinião
sobre porque muita gente se esquece do passado e trai descaradamente no mundo
político. Por que será que as pessoas que estendemos as mãos são exatamente as
pessoas que cometem os maiores desatinos políticos em nome de seus interesses
pessoais?
Esse amigo perdeu a eleição no ultimo pleito
municipal, devido a ingratidão de antigos inimigos que se tornaram companheiros
políticos de momento. Por que tanta gente e mesmo grupos, que da situação de
protegidos, na escalada do sucesso, cortam os punhos daqueles que tanto lhe
ajudaram a subir? Penso que na política assim como na guerra você não pode
estender as mãos, e fazer favores a inimigos políticos ou a mercenários com
carapuças de anjo. Mas para exemplificar tal principio contarei pequena
história real.
Um dos maiores exemplos da história poucas pessoas
conhecem da ingratidão da sorte. Em 28 de setembro de 1918, em plena Primeira
Guerra Mundial, o soldado da infantaria britânica de
Wellington, Henry Tendey, cometeu esse grave erro de não atender ao principio
de que inimigo é sempre inimigo, e pronto! Naquele dia os britânicos ganharam o
dia e avançaram cautelosamente contra as trincheiras alemãs, perto da aldeia
francesa de Marcoing.
Num determinado momento o soldado Tendey avistou
próximo um soldado inimigo, um cabo caído no chão ensangüentado. Teria sido
fácil para Tendey eliminar esse inimigo, como já matara tantos naquele dia
fatídico. Mas não eliminou o inimigo, desempenhando um papel heróico na
batalha, tanto que depois foi condecorado com a Victoria Cross, a mais alta
medalha dos tempos de guerra, por sua grande sensibilidade humana. Ele sentiu
que jamais poderia disparar contra um homem desarmado, ferido e cansado da
guerra.
Pois bem! 22 anos depois já na Segunda Guerra
Mundial, enquanto aviões nazistas bombardeavam a cidade de Coventry, onde
justamente o ex-soldado Tendey trabalhava como segurança na fabrica de
automóveis Triumph, justamente ele rangia os dentes e se lamentava pelo erro
que cometera no passado. O cabo que ele não matara era o criminoso Adolf
Hitler. O gesto humano de Tendey acabou levando a morte milhões de pessoas, e
numa amarga ironia do destino militar, colocou sua própria vida a mercê do
monstro, cuja vida ele poderia ter tirado em 1918.
Nos dias de hoje está a acontecer exatamente na
política casos parecidos. Mesmos que muitos dos leitores dos meus textos não
concordem com minhas opiniões, mesmo assim a conjuntura política mudou muito
nos últimos tempos e para melhor. Mas os atores desse processo de mudança, não
podem cometer esses erros fatais, estendendo as mãos aos inimigos, pensando na
eleição próxima. Os exemplos recentes mostram a capacidade de alguns para a
traição. A Bahia nos últimos anos foi um celeiro para aquela prima chamada ingratidão.
Tomara que não seja elevado aos postos de poder
grupos que representam o passado e a tradição da traição. Pois a historia como
é a prova dos nove, ensina que não devemos entregar aos inimigos declarados a
chave de nossa casa. E caso tenhamos que emprestar a chave, que no inicio da
noite troquemos os cadeados, porque a ingratidão é filha do diabo e sempre aparece
no dia seguinte.
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