Por Genaldo de Melo

Por esses dias tive a
oportunidade de ler alguns textos e comentários sobre o financiamento das ações
realizadas pelos recentes chamados Movimentos Democráticos com apoio da mídia
do Jornalismo da Obediência, que mobilizaram os mais diversos setores da classe
média brasileira para ocuparem as ruas contra o Governo de Dilma Rousseff,
contra Lula e contra exclusivamente o PT. As notícias que surgem apenas em
pequenas notas já são o bastante prá gente ver que tem algo de secreto e de
preocupante nisso.
Ninguém,
absolutamente ninguém, em sã consciência pode achar que para colocar gente nas
ruas não se gasta dinheiro para se manter uma estrutura adequada às exigências
de qualquer manifestação. Até então se desconfiava de que quem apenas realmente
mantinha a estrutura eram grupos ligados a FIESP, principalmente quando
abertamente seus representantes escolheram e colocaram publicamente seu símbolo
do “Pato Amarelo” nas mobilizações contra o aumento de impostos para os
“ricos”.
Mas parece que tem
algo mais secreto que parcela da chamada mídia do Jornalismo da Obediência não
quer de fato dizer aos brasileiros. Ou seja, desconfia-se de fato que quem
mantém financeiramente as megaestruturas nas ruas são instituições americanas
interessadas de fato na diminuição do Estado brasileiro, para o controle de
nossas riquezas por empresas bilionárias, coordenadas por indivíduos
bilionários que não participam diretamente da política, mas financiam a
política nos Estados Unidos da América e em outros pontos do mundo.
A desconfiança surge
de dois movimentos bem coordenados que poucas pessoas estão enxergando. O primeiro
deles foi depois que esses movimentos ocuparam as ruas sem muita objetividade
política, até mesmo porque não se pode derrubar um Governo sem provas de crime
de responsabilidade. Alguns defendiam a derrubada do Governo por impeachment,
outros através do TSE, e ainda outros defendiam a volta da Ditadura Militar,
porém a última ação de uma certa Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos,
que tem entre seus componentes o Movimento Vem Prá Rua, que foi ao Congresso
pedir a rejeição à taxação das grandes fortunas e impostos sobre heranças,
pautas estas que não contavam entre as reivindicações anteriores, é que deixou
muita gente com a “pulga atrás da orelha”. É bom lembrar que entre as grandes
fortunas existentes no país, em sua grande maioria estão sob o controle de
estrangeiros, pois os brasileiros são sempre bons executivos, mas nunca são
realmente os donos dos cofres.
O segundo movimento da
defesa do ultraliberalismo no meio desses movimentos contra o atual Governo vem
da opinião bem acentuada do articulista Luís Carlos Azenha. Segundo ele a
partir do lançamento de um livro da repórter Jane Mayer, intitulado “Dark
Money: The Hildden History of the Billionaries Behind the Rise of the Radical Right, começa-se a
colocar luzes em tudo o que somente desconfiamos e não ousamos decifrar a “esfinge”.
Ao que tudo indica é o mais completo relato existente de como um grupo de
bilionários americanos, coordenados pelos irmãos Koch, criou um partido secreto
que vai gastar US$ 889 milhões no processo eleitoral em andamento nos EUA
(próximas eleições para a Casa Branca e para o Congresso). A liderança desse
partido se reúne secretamente em resorts de luxo, conta com 107 escritórios e 1200
funcionários em tempo integral. Parece que isso é três vezes maior que o Comitê
Nacional Republicano.
Essa turma pelo que
consta não participa diretamente da política como “coisa em si”, mas gastaram
somente em 2010 US$ 200 milhões em grupos de ativistas independentes, mas
alinhados ao Partido Republicano, e ajudaram este a ocupar 63 cadeiras no
Congresso Nacional e 675 deputados estaduais para redesenhar os distritos
eleitorais dos Estados Unidos. Ou seja, a ideologia que eles defendem é somente
aquela que beneficie seus negócios, tanto nos EUA como no resto do mundo,
ligados à exploração do petróleo, do carvão e do gás.
Os objetivos dessa
turma coordenada pelos irmãos Koch é conquistar uma militância política que
muitas vezes sem saber defendem paradigmas políticos que favorecem os
interesses dos bilionários americanos, tanto que organizaram uma rede de
institutos de pesquisas e ONG’s que fazem avançar seus interesses sem que seus
adversários políticos se dêem conta, como Americans For prosperity, Charles Koch Institute,
Institute for Humane Studies, Cato Institute e muitos outros.
Como eles combatem a
interferência dos governos mundiais em seus negócios, que causam grandes danos
ao meio ambiente, como combatem as teorias sobre aquecimento global e qualquer
campanha de regulamentação, como combatem os impostos sobre os mais ricos e
sempre ganharam muito dinheiro com contratos governamentais, quem pode nos
garantir que toda essa megaestrutura política, de mídia e de empresários
nacionais e estrangeiros para diminuir a influência e o controle do Estado
brasileiro sobre nossa economia não tenha influência financeira dos mesmos para
os “bobos da corte”?
Quem nos garante que
não querem que sempre sejamos a eterna colônia de seus interesses econômicos, e
não estejam financiando grupos de certa Aliança Nacional dos Movimentos
Democráticos, enganando a classe média, e principalmente enganando nossos
jovens que acham que estão mudando o Brasil, com apoio da FIESP, de setores do
agronegócio, de donos de instituições financeiras, e com apoio total de setores
da mídia local que sempre acham que os valores americanos serão sempre melhores
que os brasileiros?
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