Por Genaldo de Melo

Não tenho, e absolutamente reconheço isso, autoridade suficiente para falar sobre a gravidade da quebra de ordenamento jurídico na promoção de prisões coercitivas de atores públicos das universidades federais com o discurso de combate à corrupção. Mas como cidadão comum e conhecedor do está a acontecer no Brasil atualmente, não existe como não ficar desconfiado com tudo isso.
A desconfiança vem exatamente por causa de fatores elementares nesses últimos tempos em que o Banco Mundial prega para o Brasil a privatização do ensino superior. Ou seja, tudo o que for do Estado deve ser entregue ao mercado visando o lucro, em nome da idéia de Estado Mínimo, e principalmente a produção de conhecimento, que na visão neoliberal é coisa somente de quem tem dinheiro para isso, e não da grande massa dos brasileiros.
Nesse último ano essa investida do Ministério Público e da Polícia Federal em conjunto com espetáculos delirantes da imprensa tradicional, já transformou quatro universidades federais brasileiras em verdadeiro caldeirões de demônios do conhecimento, como que se fosse infestadas de corrupção, e que deve necessariamente deixar de existir como instrumento de conhecimento público.
As vitimas desse avanço “medieval” foram a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a humilhação e o linchamento público que culminou na morte do ex-reitor Luiz Carlos Cancellier, e, nesta quarta-feira (6), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com a condução coercitiva de reitores, ex-reitores, vice-reitoras e ex-vice-reitores e reitoras, administradores e dirigentes da referida instituição, sem razões fundamentadas e legais que justificassem tal violência. E de novo a Universidade de Santa Catarina.
Pelo que se ver então o que está em jogo, para além dessas ações típicas de um estado de exceção, é a tentativa de privatização completa do ensino superior brasileiro, com a asfixia orçamentária e o sucateamento das universidades federais, a partir da entrada em vigor da PEC 95 a partir do próximo ano, que promove uma ortodoxia fiscal permanente.
Coisa das mais graves ainda é o silêncio do Ministério da Educação em que as únicas palavras do pseudoministro, Mendonça Filho, foram de que não pode fazer nada porque as universidades são autônomas. É o cúmulo da cegueira política consciente e planejada!
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