Por Genaldo de Melo

O prefeito da capital baiana, ACM Neto, pode
enganar muita gente, mas essa história de que somente sairá candidato ao
governo do Estado se Lúcio Vieira deixar o MDB é um verdadeiro blefe, que
qualquer jogador mirim da política pode enxergar. Quem demora demais a retomar
uma decisão que para muita gente era fato procurando subterfúgios está blefando.
Primeiro que não se pode, nas regras
elementares da legislação eleitoral brasileira, tomar "na tora" um
partido político de quem o coordena. Só de tiver força e números dentro do
próprio partido. Portanto, para bom entendedor basta, Lúcio Vieira não vai
largar o osso somente porque quem está tentando lhe jogar fora de sua casa está
pedindo nas entrelinhas publicamente essa coisa. Segundo, o deputado, irmão de
Geddel, somente tem para se reeleger e manter a prerrogativa do fórum
privilegiado o seu MDB.
E outro peso na decisão de Lúcio Vieira
de não entregar de mãos beijadas os minutos de televisão e rádio de que dispõe
na Bahia, é que Michel Temer, aliado de primeira e até ultima hora, pretende
ser candidato, para defender seu legado, e precisa de palanque na Bahia.
E também essa história de que os
tucanos só farão aliança com ACM Neto com a saída de Lúcio e do MDB da jogada
está cheirando a coisa estranha, até mesmo porque eles sabem
que sozinhos nesse momento não têm coeficiente eleitoral suficiente para os
três “nobres” deputados do partido, aliados de Temer e de ACM Neto ao mesmo tempo.
Por isso que ACM Neto pode espernear
verbalmente, mas uma coisa é bastante elementar, mesmo que fique sozinho no
MDB, abandonado e sem inclusive outros partidos grandes para realizar
coligação, Lúcio Vieira vai ficar para tentar se reeleger. Tem ratoeira
escondida nesse quarto que ninguém ainda viu, e a luz ainda pode se acender
para revelar quem são os ratos!
Essa jogada de ACM Neto parece mais
coisa de amador, pois ele sabe que aonde for aquelas imagens de R$ 51 milhões
em dinheiro vivo vão lhe perseguir. Não era dele, mas era de seu mais
importante aliado, um sujeito que tinha o costume de pegar qualquer um e fazer
prefeito de Salvador (ou esqueceram de João Henrique?).
Tudo pode não passar de um blefe, porque ACM
Neto ficou no mato sem cachorro, depois que se colocou como o grande líder das
oposições na Bahia, e Geddel foi pego com a boca na botija. Se ACM Neto tivesse
essa força eleitoral toda para vencer Rui Costa, ele estaria era num patamar de
arrogância que ninguém o seguraria. Ou esqueceram o que se propagava aqui na
Bahia nos tempos em que ele venceu Alice Portugal no primeiro turno, e ficaram
seus aliados “trolando” nas redes sociais, e já proclamando vitória antes do
tempo para tomar conta do Palácio de Ondina.
É da natureza da própria política, quem
não tem voto blefa para ver se convence trazer os desavisados. ACM Neto só foi
amador ao não compreender a história da famosa Lava Jato, que poderia sair das
portas do PT e bater nas portas do MDB. Agora pode ficar sem estrutura política
para manter a confiança do grupo, que vai diminuir, porque quem esperou e
confiou até agora por um palanque para se reeleger, e outros tentarem essa
façanha, vai lhe virar as costas, podendo lhe chamar de traidor se ele não for
candidato.
Tomara que eu esteja errado, porque
eleição sem dois nomes fortes para as urnas, é uma eleição morna e sem emoção,
e sem bêbados para apostarem. Mas também é muita carga para um homem só!
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