Por Genaldo de Melo

Na
conturbada crise de democracia por qual
estamos passando, tem pouca gente no campo progressista querendo dizer a
verdade dos fatos, e muita gente patologicamente cega em não querer
enxergar nada.
As pessoas estão esquecendo o mundo real e assimilando o mundo virtual, e
querem impor o que pensam sem aceitar o mínimo do mínimo de um debate. O
mundo virtual do Facebook e do WhatsApp está levando muita gente para
dois
lados que perigosamente cegarão para não se ver o início amortecedor do
autoritarismo perigoso em nossa sociedade.
Em primeiro lugar, esse mundo virtual nos
leva ao denuncismo sem limites, e quem está ganhando nisso tudo são as forças
políticas mais conservadoras, porque no momento elas detêm os instrumentos de
força para impor suas vontades, ou seja, elas têm a imprensa tradicional, têm a
grande parcela do judiciário político, têm a Presidência da República e têm o
controle absoluto das duas casas legislativas do país. E estão na âncora das
denúncias contra as forças populares contrárias!
Em segundo lugar, o mundo virtual está
viciando as pessoas a não serem mais criativas do ponto vista real, pois estão
mais preocupadas numa patológica competição para ver quem tem mais seguidores
ou “curtidas”, estão mais preocupadas em ver quem escreve melhores textos e
publicam as melhores fotos, do que mesmo com a participação no processo real da
disputa política (da luta de classes), que está sendo cada vez mais vencida pelos
fatos concretos dentro das estruturas elementares que a direita está utilizando
(imprensa, parlamento, judiciário...).
E o mais grave nisso tudo ainda é que quem
poderia produzir os instrumentos da unidade das forças de esquerda, em vez disso está apelando para o
discurso da exclusiva noção de que somente as coisas voltarão aos eixos se
todos seguirem cegamente certos conceitos e certos princípios, melhor dizendo
se seguir a risca apenas as lideranças ou dirigentes de alguns partidos
políticos. O tamanho da esquerda brasileira é muito grande para se considerar
apenas a imposição de uma hegemonia sem um debate amplo, sincero e real dos
fatos.
Em nossa conturbada crise de democracia que
vivemos, se não surgir vozes urgentes que deem um grito mais forte para dizer
que algumas verdades precisam não somente serem reproduzidas, mas assimiladas,
pode-se esperar tudo menos a reconstrução da democracia. Não se constrói paralelos
ao autoritarismo que vem se impondo, com a imposição de um hegemonismo com viés patológico, e
principalmente não se coloca em prática no mundo real das coisas as idéias bonitas, que somente funcionam
no mundo virtual do Facebook e do WhatsApp.
É preciso urgente de debate em torno da idéia
da unidade, em vez da divisão, e principalmente entender que conceitos e
tendências diferentes dentro do mesmo campo não são necessariamente para a competição,
mas para a construção de unidade dos diferentes. É preciso não esquecer jamais
que a direita brasileira no final sempre se une para seu próprio bem, mesmo nos
diferentes. E para ambas as forças políticas, tudo começa saindo da frente das telas!
Comentários
Postar um comentário