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A invasão dos produtos chineses

Por Luís Nassif, em seu Blog

Esta semana, centrais sindicais e federações de indústria resolveram unir forças contra a invasão chinesa nos importados.

É um fenômeno que se amplia, especialmente devido às diferenças de política cambial entre os dois países: a China jogando tudo para manter sua moeda desvalorizada (o que barateia seus produtos permitindo ampliar sua expansão no comércio mundial) e o Brasil com uma das moedas mais valorizadas do planeta.

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Ontem o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico s Social) divulgou a edição de dezembro de sua revista "Visões do Desenvolvimento", com um artigo dos economistas Fernando Puga e Marcelo Nascimento analisando a invasão chinesa.

O trabalho "O efeito China sobre as importações brasileiras" estudou o período de 2005 a 2010.

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As conclusões não são animadoras.

Até recentemente, as importações brasileiras de produtos chineses estavam restritas a bens intensivos em mão de obra. Agora tornam-se cada vez maiores em produtos intensivos em conhecimento, aumentando consideravelmente a relação de setores onde a China detém participação relevante.

Em 2005, a China respondia por mais de 10% das importações brasileiras em apenas 6 se 19 setores da indústria. De setembro de 2009 a agosto de 2010, esse total aumentou para 12 setores.

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Nos últimos tempos, essa penetração acelerou-se de maneira exponencial. No acumulado de 12 meses até agosto de 2010, as importações da China atingiram US$ 21,4 bilhões, 37,2% a mais do que em todo ano de 2009.

A China passou a responder por 14,5% de todas as importações brasileiras, dobrando sua participação de cinco anos atrás.

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Para produtos intensivos em recursos naturais, o aumento foi de apenas 0,7 ponto percentual. Já em produtos intensivos em trabalho aumentou em 14,8%; e intensivo em conhecimento, em 11,1%.
Em produtos intensivos em trabalho, quase 40% das importações vêm da China. No caso de produtos intensivos em conhecimento, a participação chinesa saltou de 15,4% em 2005 para 26,4% em 2010.

No grande fantasma atual – importação de máquinas e equipamentos – a participação chinesa saiu de 4,8% em 2005 para 14,9% em 2010.

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Um dado relevante é o chamado coeficiente de importação. Ele mede a participação das importações no consumo total do brasileiro. Pega-se a produção total do país, desconta-se a parcela exportada, depois soma-se a restante com as importações.

Entre 2005 e 2010 o coeficiente de importação saltou de 14,2% para 19,8% do consumo total. É o que explica o aumento das vendas do comércio não ter sido acompanhada pelo aumento da produção industrial.
Nesse período, o coeficiente de importações de produtos chineses subiu de 1,1% para 2,9% - respondendo por um terço da variação do coeficiente total.

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Os três setores mais afetados foram o de Material Elétrico, Complexo Eletrônico e Têxteis.
Conclusão do trabalho: "A indústria chinesa tem se tornado altamente competitiva tanto com a sustentação de uma taxa de câmbio valorizado, quanto com a implementação de políticas industriais, melhoria na infraestrutura e avanço no sistema educacional". 

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