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Serra discorda de FHC. Só isso?

Por Altamiro Borges

Segundo o jornal Estadão, o ex-governador José Serra não engoliu a entrevista de FHC à revista britânica The Economist. Ao tratar da eleição presidencial de 2012, o ex-presidente descartou como bagaço o tucano paulista, revelou que Serra se isolou no próprio partido, deu apoio explícito ao senador mineiro Aécio Neves e reconheceu que a haverá “uma briga interna muito forte no PSDB”.



“São opiniões dele. Não estou de acordo com algumas delas, mas não vou polemizar com um amigo”, retrucou Serra, famoso por ser muito vingativo e não nutrir forte amizade com FHC. Na campanha de 2010, por exemplo, o derrotado tucano simplesmente evitou o ex-presidente nos programas de tevê e nos palanques, rejeitando sua “herança maldita” e sua baixa popularidade.

Vingativo e intempestivo

A entrevista de FHC e a reação de Serra confirmam que o clima não anda bom no ninho tucano. Até Aécio Neves, que se embriaga tão facilmente, preferiu ser cauteloso. “Agradeço a referência do presidente Fernando Henrique. Mas o partido saberá definir o melhor nome, entre os vários de que dispõe, no momento certo, que, acredito, será após as eleições municipais”, disse ao Valor.

Os chefões tucanos temem pelas atitudes intempestivas do ex-governador, agora descartado de vez por FHC. Além de vingativo, Serra não preza muito pela unidade partidária – já bastante abalada. Em 2008, nas eleições para a prefeitura da capital paulista, ele simplesmente traiu o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, para apoiar o então demo Gilberto Kassab, hoje dono do PSD.

Fogo no ninho tucano

O que Serra fará agora? Ninguém acredita que ele se curvará às opiniões de FHC e nem que aceitará o papel de mero coadjuvante nas batalhas em curso. Apesar da pressão do “amigo” Alckmin, na semana passada Serra reuniu seus adeptos para informar que não será candidato à prefeitura paulistana neste ano e que seu objetivo é disputar, pela terceira vez, a presidência da República.

O jornalista Luciano Martins Costa, em matéria no Observatório da Imprensa, colocou um pouco mais de gasolina no já inflamável ninho tucano:

Serra foi, durante muitos anos, confidente da falecida ex-primeira-dama Ruth Cardoso, e detentor de informações domésticas que não são confortáveis para Fernando Henrique Cardoso. Além disso, enquanto teve grande influência no PSDB, ele desprezou a herança do ex-presidente, rejeitando até mesmo o fato de ter feito parte do governo a partir de 1995.

Fernando Henrique oficializa o apoio do núcleo histórico do PSDB à provável candidatura de Aécio Neves em 2014. Isolado, José Serra terá que apostar no PSD, partido criado pelo prefeito Gilberto Kassab, e entrar na disputa presidencial como uma terceira via.

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