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A truculência represssiva dos tucanos

Movimentos sociais e entidades de defesa dos direitos humanos alertaram sobre as consequências de um despejo violento. E o resultado está aí

Editorial Ed. 465 - Brasil de Fato
  
O Brasil assistiu estarrecido à truculência da Polícia Militar do Estado de São Paulo na Comunidade do Pinheirinho em São José dos Campos, interior do estado. Uma re
pressão absurda, desproporcional e ilegal.     
A ação, realizada quando a Justiça Federal havia determinado a suspensão da ordem de reintegração de posse - reconhecendo o direito das mais de 1.600 famílias permanecerem no terreno –, deixou claro que para defender os especuladores e a propriedade nem o Poder Judiciário consegue barrar o governador Geraldo Alckmin, do PSDB. Ou seja, foi uma a demonstração clara de como a classe dominante massacra o povo, ignorando o próprio Poder Judiciário, quando se trata de assegurar as vantagens de especuladores imobiliários. Quando se trata de defender os interesses dos que querem transformar a terra numa mercadoria especulativa, todo o aparato repressivo é acionado. Pouco importam os feridos e os impactos sociais.     

Assim, a ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo, no dia 22, na ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos, é o retrato da irresponsabilidade, truculência e covardia do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito Eduardo Cury (PSDB).     

E trata-se de uma tragédia anunciada. Movimentos sociais e entidades de defesa dos direitos humanos alertaram sobre as consequências de um despejo violento. E o resultado está aí. No momento em que fechamos esta edição, surgem crescentes denúncias de mortos, desaparecidos e feridos graves pela ação violenta da polícia.        

Nesse sentido, é preciso transformar a luta da Comunidade do Pinheirinho para retomar o direito aos seus lares numa reivindicação nacional, mobilizando todos os esforços para que retomem o terreno.   
       
A área de 1,3 milhão de metros quadrados pertence à massa falida do megaespeculador Naji Nahas. Na operação truculenta autorizada por Alckmin, foram presas 30 pessoas, enquanto Nahas goza de liberdade no seu apartamento na zona sul do Rio de Janeiro e do beneplácito da Justiça, apesar de praticar crimes contra o sistema financeiro registrados na Operação Satiagraha, deflagrada pela Polícia Federal em 2008.        
O episódio demonstra a quem serve a política repressiva contra os movimentos sociais. Para defender os interesses de um especulador financeiro, a vida de milhares de famílias pode ser destruída, crianças podem ser traumatizadas, nenhum direito humano pode ser invocado. Estamos diante de mais uma atrocidade que não pode ficar impune.        

As cenas transmitidas pelos veículos de comunicação mostram a atitude verdadeiramente criminosa dos policiais, atirando em crianças e mulheres, espancando as pessoas. Helicópteros, carros blindados e mais de 2 mil soldados da tropa de choque, numa cena que lembra as ações da Gestapo. Até mesmo um assessor do governo federal foi ferido quando tentava negociar com os repressores.   
        
Precisamos exigir a punição dos culpados. Não só do comandante da Polícia Militar, mas do Governador que autorizou a repressão. Não podemos admitir tamanha truculência.       
   
Mais de 5,5 milhões de moradias precisam ser construídas para acabar com o déficit habitacional no Brasil, segundo dados de 2008 utilizados pelo Ministério das Cidades. As favelas e áreas em situação de risco abrigam 7 milhões de pessoas (esse número aumentou 42% nos últimos 15 anos, segundo análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).        

O número do déficit habitacional aumenta com a inclusão das famílias que moram de aluguel, que estão em torno de 12 milhões (de acordo com o Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo - Secovi- SP). A especulação imobiliária é uma ação criminosa que tem que ser enfrentada.  

Assim como o Brasil precisa de uma reforma agrária que garanta terra e políticas para a produção de alimentos pelos camponeses, é urgente a realização de uma reforma urbana que resolva o problema da falta de moradia, e que assegure também saneamento básico, serviços públicos (saúde, educação, cultura e lazer), reorganização do sistema de transporte e, especialmente, a refundação da polícia, para adaptar seus procedimentos ao regime democrático.     

A bandeira de uma reforma urbana segue atual, urgente e configura uma das principais reivindicações de um Projeto Popular para o Brasil.  

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