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Tem alguém fedendo aí?

Por Genaldo de Melo

O jornalismo político no Brasil imita a própria política em sua essência. A dinâmica dos fatos sobrepuja os denominadores comuns do jornalismo comum, principalmente no fenômeno recente das redes sociais na internet. No momento o principal fato que vem causando verdadeiro rebuliço, suscitando inclusive opiniões variadas, foi o lançamento do livro do jornalista Amauri Ribeiro Jr. (bastante conhecido da mídia impressa brasileira), “A Privataria Tucana”. Ele já foi colunista de grandes jornais e revistas de renome.
Não é comum no Brasil um livro ser lançado e em menos de 72 horas ter vendido mais de 30 mil exemplares. Isso na linguagem do mercado editorial se configura num best-seller. São raros os casos no mundo da literatura tal fato, e isso suscita naturalmente uma análise mais aprofundada porque as opiniões de jornalistas e blogueiros sérios de todos os matizes ideológicos são variadas. Algumas apaixonadas e outras carregadas de teor explosivo.
Confesso que não li o livro completamente ainda, apenas alguns detalhes e capítulos, porque estou a fazer outras leituras no momento. Mas confesso que vou devorá-lo na primeira oportunidade que tiver, em breve. É uma necessidade natural de quem gosta de jornalismo político ler uma obra dessa natureza, porque é um fenômeno editorial. Ninguém vende tantos livros em tão pouco tempo se não estiver dizendo a verdade, ou plagiando a mesma.
A grande mídia calou. Apenas o jornalismo dos textos pequenos colocou pequenas notas sobre o assunto. Os grandes colunistas do jornalismo da obediência se emudeceram como se mortos estivessem. Nos últimos dias somente vi um colunista baiano falar do tema, mas mesmo assim insinuando que o livro é verdadeiro “cala a boca”, por causa das denúncias contras os ministros do Governo de Dilma. Ou seja, segundo ele o livro foi lançado agora para ocupar as mentes dos jornalistas da obediência. Como leio diariamente esse colunista, mesmo não concordando com as opiniões dele, o sujeito é bom no que faz, e além disso, foi colega de redação de um amigo nosso. Na Rua Djalma Dutra onde morei muitos anos, Jânio Lopo primeiro lia, depois opinava.
Como é mesmo que se pode explicar os fatos do livro de Amauri Ribeiro? Não vejo motivos para incriminá-lo de mentiroso, pois ele sempre foi respeitado e considerado pelos grandes conglomerados midiáticos como grande profissional do jornalismo brasileiro. Aliás, esteve sempre do lado contrário àqueles que hoje coordenam o projeto de poder no Brasil. Ele não é petista.
Vejam só o que está no livro. O primo mais esperto de Serra, um espanhol abrasileirado, teve abatimento de dívida com o Banco do Brasil de 109 vezes, ou seja, devendo R$ 448 milhões foi para irrisórios R$ 4,1 milhões, depois que pegou financiamento em nome das empresas Gremafer Comercial e Aceto Vidros e Cristais Ltda, na agência Rudge em São Bernardo do Campo, em agosto de 1993; depois quase falido, o primo do senhor eterno candidato dos tucanos à Presidência da República, representa a empresa espanhola Iberdrola e vai às compras, monta o consórcio Guaraniana e adquire milagrosamente três grandes estatais de energia elétrica, a Coelba da Bahia, a Corsen do Rio Grande do Norte e a Celpe de Pernambuco. Isso tudo também com R$ 2 bilhôes da Previ (fundo de previdência do Banco do Brasil). Olhe aí, tudo às olhos nus dos tucanos que governavam o Brasil. Será que Amauri Ribeiro está mesmo mentindo para vender livros? Ou será mesmo que estamos a ver a cortina de fumaça querendo esconder de fato que a Privataria existiu?
Quase esqueço de falar da Ilha do Urubu, paraíso dos mais caros da costa baiana, que os carlistas presentearam ao bom rapaz, primo rico do eterno candidato a Presidência da República, que vendeu por apenas R$ 5 milhões a Bella Vista Empreendimentos Imobiliários, controlada pela Dovyalis Participações S.A., presidida pelo especulador belga Philippe Ghislain Mees, deixando Pataxós e Martins à ver navios.
Caros leitores, o que aconteceu mesmo no Brasil com as privatizações financiadas pelo próprio Brasil? Cadê o dinheiro...?






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