Por Genaldo de Melo

Foto (Luís Macedo)
Desde que assumiu a
Presidência da Câmara dos Deputados que o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB)
vinha impondo seus interesses e suas agendas para o resto do conjunto dos
parlamentares, bem do governo, como se no Brasil rezasse a cartilha do
parlamentarismo. Essa semana foi mais grave ainda quando de forma irresponsável
praticamente humilhou o relator da comissão da reforma política, o deputado
também do PMDB, Marcelo de Castro, e colocou em votação em plenário os dois
temas mais polêmicos da dita reforma política sem nenhum debate e sem nenhum
consenso entre os deputados. Mas ficou claro que suas imposições têm limites
naquele parlamento, pois de forma responsável os deputados federais reprovaram
ambas a pospostas de Cunha. Na votação que aconteceu ontem a defesa dele em
relação a aprovação da adoção sistema majoritário de eleições para deputados,
ou seja, o “Distritão” precisava de no mínimo para ser aprovado de 308 votos e
somente obteve 208. Na segunda votação, a da emenda que tentava
constitucionalizar o financiamento empresarial de campanhas, os votos
favoráveis subiram para 264 mas ainda inferiores ao quórum qualificado de 3/5.
Com as duas decisões a Câmara teve um surto de sensatez. Evitou aprovar
mudanças mal discutidas que tornariam ainda pior nosso tão imperfeito sistema
político-eleitoral. Dezenas de deputados disseram que estavam votando a reforma
política para atender ao clamor da sociedade. Desejo de reforma existe, mas não
com tais mudanças, que favoreceriam o poder econômico, a eleição personalista,
com base no dinheiro ou na fama, através do sistema majoritário, e eternizando
o financiamento por empresas, raiz da maioria dos casos de corrupção. Acabou
prevalecendo um certo sentimento de cautela e responsabilidade: reforma para
piorar, melhor deixar tudo como está.
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