Por Genaldo de Melo
Como inteligência no Brasil tem sido sinônimo
de assimilação de tudo que Globo, Veja, Folha e Estadão colocam como verdades
absolutas, desconfio e sinto cheiro de coisa errada na prisão do publicitário
João Santana e de sua mulher Mônica Moura. Como é ridículo ser inteligente
hoje no Brasil, desconfio de fato dessas prisões exatamente depois que tanto o
publicitário como o coordenador da Lava Jato trocaram farpas em público e
apresentado pela mídia há algumas semanas passadas.
Pelo que saibamos quando houve as primeiras
especulações sobre suspeitas em relação ao publicitário e seu envolvimento nos
esquemas sujos investigados pela Operação Lava jato, o mesmo colocou-se
publicamente a disposição para depoimentos e outros assuntos mais.
A desconfiança cresce mais depois do
depoimento de Mônica Moura ao delegado Márcio Anselmo e ao procurador da
República, Diogo Castor de Mattos. Primeiro porque segundo os rigores da lei
ninguém pode mentir perante à justiça, e segundo porque ela disse que vai
apresentar todos os documentos necessários que comprovam seu depoimento.
Fica difícil compreender como um casal
envolvido em lucros que ultrapassam os US$ 100 milhões de dólares poderia se
sujar com míseros US$ 4,5 milhões recebidos de Zwi Skornicki como propina para a campanha de Dilma Rousseff. Não
é preciso ser muito inteligente para saber que está no ar uma espécie de
espetacularização nessa prisão.
Perante o delegado e o procurador da
República Mônica Moura disse que o valor citado era parte do custo total de
US$ 50 milhões da campanha eleitoral de José Eduardo Santos para a presidência
da "República de Angola", que incluía a pré-campanha, a campanha e uma
pós-campanha de consultoria para pronunciamentos. E que nada tem a haver com a
campanha eleitoral de Dilma Rousseff como sugere a PF, como resultante de
propina.
O outro suposto elo do marqueteiro da
Presidente Dilma e a Lava Jato seria o recebimento de quantias de uma offshore
da Odebrecht. A mulher esclareceu que em 2011 foi orientada a procurar Fernando
Migliaccio (executivo da Odebrecht e suposto pagador de propinas no esquema de
corrupção da Petrobrás) para receber parte dos valores da campanha realizada
pelo casal para reeleição de Hugo Chaves, na “Venezuela”. E que também do mesmo
modo não tem nada a haver com a campanha eleitoral de Dilma Rousseff.
Se for verdade tudo o que ela disse ao
delegado Márcio Anselmo e ao procurador da República, Diogo Castor de Mattos, e
ela comprovar tudo com documentos conforme prometeu, uma situação
incompreensível vai ficar para ter que ser resolvida no país, que é a
apresentação para os brasileiros dos fatos como realmente eles são e não como
Globo, Veja, Folha e Estadão estão insistindo vinte e quatro horas como se não
houvesse mais outras notícias a serem repassadas para o povo.
Até para o indivíduo mais limitado
intelectualmente está ficando além de cansativo e chato, muito na vista essa
osmose e espetacularização, de que tudo não está passando de política, no
sentido mais literal da palavra, até porque o marqueteiro é um profissional de
mercado, que foi e é não apenas marqueteiro do PT, mais do PDT, do PMDB, além
de ter feito as campanhas eleitorais de Hugo Chaves na Venezuela, de José
Eduardo Santos, em Angola, e de Danilo Medina, na República Dominicana.
Se inteligência for somente acreditar
fielmente em tudo o que Globo, Veja, Folha e Estadão colocam como verdades
absolutas, prefiro ter minhas limitações intelectuais, ler meus livros de
filosofia e ciência política, do que assimilar apenas um massacre contra apenas
um partido, uma liderança e uma presidente da República. Parece que tudo não
passa mesmo de medo das urnas de novo em 2018!
Enquanto for possível, o massacre midiático e jurídico continuará. Mídia e judiciário estão partidarizados muito mais do que sempre foram. Somente a demonstração de apoio popular ao governo pode equilibrar a situação, mas esta ajuda popular depende muito dos acenos do próprio governo. As medidas recessivas e a entrega de patrimônio público aos grandes grupos econômicos não ajudam neste sentido.
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