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Osmose do niilismo cultural

Por Genaldo de Melo
Por mais que a mídia dos Estados localizados no Sudeste brasileiro tente a todo custo nos brindar em tempos de carnaval com coberturas exclusivas das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, confesso que não vejo nisso utilidade nenhuma para quem vive nos Estados do Nordeste. Do ponto de vista cultural é o mesmo que os Estados Unidos da América sempre fizeram como todos nós brasileiros, como se culturalmente fôssemos inferiores, e os padrões culturais elevados somente são aqueles apresentados por Hollywood.

Qual é mesmo a utilidade disso para nosso povo que gosta de carnaval, e que em determinadas pautas culturais da sociedade brasileira talvez sejamos muito mais avançados do que espetáculos apenas televisivos da Rede Globo? Em que realmente serve do ponto de vista cultural sermos, literalmente falando, bombardeados quase que vinte e quatro horas por dia, em tempos de carnaval, com imagens apenas sobre as escolas de samba do Rio de janeiro e de São Paulo? Não vejo de nenhum modo aspectos culturais nisso que contribuam com nossa formação cultural, e nem mesmo vejo como entretenimento tais programações que se tornam absolutas em dias de carnavais.

Podem até dizer que este ano tivemos a graça de ver que uma escola de samba famosa do Rio de Janeiro ganhou o prêmio de melhor do carnaval carioca porque tratou de homenagear a grande baiana Maria Bethânia. Mas para mim e para muita gente boa, isso não mudou em nada nossas vidas. Até porque a baiana foi homenageada, mas os valores empreendidos e apresentados como os melhores pela Rede Globo de Televisão foram os mesmos que eles há muitos anos despejam em nossas mentes como verdades absolutas.

Podem até mesmo dizer que sou um desses saudosistas anacrônicos que somente vêem beleza naquilo que é de verdade da minha terra, que é o Nordeste, mas vou continuar dizendo que não vejo valor cultural nenhum em ser obrigado a ligar a televisão em dia festivo de carnaval e assistir apenas detalhes e mais detalhes, até os pequenos demais sobre a feitura e as cores das roupas que as atrizes da Globo usarão nos desfiles das escolas de samba. Para mim o que a Globo faz com suas osmoses doentias, não passa nada mais nada menos do que procurar vender os produtos, que na maioria das vezes não nos servem, dos seus eternos patrocinadores de plantão.

Mas como realmente a grande maioria do povo nordestino não tem opção televisiva, além da programação da TV aberta hegemônica promovida pela Globo, todos vão sempre serem obrigados a acharem que as escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo representam o chamado grande padrão de beleza que o Nordeste não tem. Como não acredito nisso, e nem nas coisas de Hollywood, não posso me calar!


E a pergunta é: já que temos que assistir apenas essa programação chata e onipresente no carnaval, porque a escola de samba que homenageou o pernambucano Miguel Arraes foi literalmente alijada da programação, como se fosse uma perseguição? Será que contrariou interesses políticos da Rede Globo? 

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