Pular para o conteúdo principal

Quem solta fogos na rua pode acordar os vizinhos

Por Genaldo de Melo
A política é a sublime arte prática de governar os outros segundo preceitos e regras estabelecidas, combinadas e aceitas por todos, e que não se aprende nos livros, apesar de alguns mentores da ciência política ter traçado os meandros de seu funcionamento. Ela é o jogo de quem sabe jogar melhor através da conversa de pé de ouvido, que acontece nos bastidores que poucos conhecem. Quem sabe fazer política conhece muito bem que a intenção futura não pode ser revelada enquanto não se tem a mais absoluta certeza de que a própria intenção é o caminho mais seguro e mais certo do que vai acontecer.

Quem joga palavras ao vento, ou deve conhecer bem seu futuro ou então não está fazendo política, está simplesmente apaixonado politicamente. E a história comprova que as paixões políticas foram as premissas que mais destruíram projetos políticos que tinham a vitória como certa. As segundas e as terceiras intenções na política devem ser guardada em muitos cofres, como ensinou Grácian.

Segundo esses preceitos não se sabe ainda quais foram as razões que levaram o atual presidente reeleito do PT baiano, Everaldo Anunciação, não se sabe se para agradar o governador Rui Costa ou para confundir os aliados e os adversários, a lançar o governador baiano como provável candidato à Presidência da República em 2018, caso Lula ou Jacques Wagner fiquem inviáveis eleitoralmente.

Dizem vozes petistas que Everaldo que derrotou nas eleições internas o candidato do próprio governador, o deputado federal Waldenor Pereira, não tem nenhum respaldo da direção nacional do seu partido. Por isso que ninguém compreendeu exatamente o que ele quis fazer, ou seja, se foi combinado com alguém de dentro de seu próprio partido na condição de correligionário, ou então fez isso sem combinar com ninguém, nem mesmo “com os russos”.

Como na política não existe intenção que seja colocada no tabuleiro do xadrez, que seja totalmente sem nenhum sentido, as flores jogadas nos canhões pode ser que tenha sido um tanto perigoso para quem faz política olhando nesse momento as eleições de 2018, aliás, pensando na reeleição de Rui Costa para governador da Bahia. Um passo talvez que possa fazer com que seus aliados fiquem naturalmente desconfiados com tudo, e comecem a entender que o jogo não é de apenas uma força política só. A atitude talvez sem sentido no momento de Everaldo Anunciação, na mesma moeda teve sua resposta.

O presidente da Assembléia Legislativa, o deputado estadual Ângelo Coronel (PSD), aquele que nos tempos do Carlismo tinha em cada eleição seus votos em regiões diferentes do Estado da Bahia, não perdeu tempo e revelou também as intenções do seu grupo, para mostrar que não é somente o PT que pensa em 2018, e que tem força suficiente para comandar o tabuleiro do xadrez posto na mesa.

Em entrevista ao site “Bahia Já” do jornalista Tarso Franco, o mesmo disse que nesse sentido o PSD deve apresentar candidato próprio ao governo do Estado e o nome todo mundo sabe exatamente de quem é, ou seja, de Otto Alencar, que representa a força política que mais cresceu no Estado nos tempos recentes, vencendo as eleições municipais em dezenas de municípios, e que naturalmente pelo andar da carruagem vão aumentar as adesões, o que lhe dá a condição de protagonista do processo.

As intenções futuras de lideranças partidárias foram colocadas, não se sabe ainda se foram atitudes simplesmente pessoais ou se revelam as intenções dos projetos antagônicos que por enquanto estão aliados. Como a política é o jogo do silêncio e não daqueles que soltam fogos no meio da rua para acordar os vizinhos, talvez um bom grito aos pés dos ouvidos de ambos seria o mais correto, para que ambos compreendam que não se pode alimentar também o desejo de pequenos imperadores que por enquanto são inviáveis politicamente.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

A cada dia aumenta o número de pré-candidatos em Feira de Santana, agora é Dilton Coutinho

Por Genaldo de Melo Mais um nome entra na fogueira das discussões e cogitações para ser candidato ao Paço Municipal em Feira de Santana, e o assunto não deixa de ser cogitado hoje em rodas de conversas, jornais, sites e blogs, além do mundo política da cidade. Dessa vez surge como candidato o radialista Dilton Coutinho, nome bastante conhecido nos meios de comunicação local. Ontem em entrevista no seu programa Acorda Cidade na rádio Sociedade de Feira FM o deputado federal Fernando Torres (PSD) disse ser pré-candidato a prefeito, mas caso Dilton resolva ser do mesmo modo, ele oferece seu partido para abrigar o comunicador como candidato: “Eu sou pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, mas se você for Dilton Coutinho eu abro mão. O PSD está a sua disposição amigo Dilton Coutinho”, disse Fernando Torres, presidente do PSD no município. Do mesmo modo a discussão apareceu ontem na Câmara de Vereadores pela vereadora Eremita Mota (PDT e pelo vereador David Neto (PTN).

A verdade sobre o esvaziamento das palavras golpe e "Fora Temer"

Por Genaldo de Melo Com a falta de povo nas ruas a mídia trabalha constantemente o esvaziamento do sentido real da palavra "golpe" que está acontecendo de fato.  A palavra "golpe" repete-se, repete-se, e repete-se como um mantra que perdeu o significado.  Num momento tão crucial como este, em que o projeto de governo eleito pelo voto democrático está sendo trocado por outro completamente diferente e que não passou pelo crivo das urnas, substituíram as grandes mobilizações de massa pela ação individual alegórica, pois se pulverizou a indignação popular apenas na palavra “golpe” nas redes sociais e em cartazes.  É impossível não notar que isso ocorre ao mesmo tempo em que a tradicional mídia jornalística trocou a aguerrida cobertura dos acontecimentos econômicos e políticos por um atual tom de meras trivialidades.  Quem acompanha o noticiário político e econômico não deixou de perceber que a mesma indignação que impulsiona inúmeras matérias jornalísti...