Por Genaldo de Melo
A justiça no sentido mais
literal da palavra deve sempre ter razão em suas prerrogativas, e as palavras na abertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal de sua presidente, Carmen Lúcia, condiz com a mais
absoluta verdade, ou seja, não se deve contestar a verdade da justiça. Mas no
contexto em que foi proferido o discurso da nobre ministra a justiça pode muito
bem está totalmente errada.
É preciso ser mais do que
mentecapto para não querer admitir que o objeto da acusação que condenou o
ex-presidente Lula não foi justo como exige as prerrogativas e os rigores da
justiça. Somente quem não tem condições ou não quer ter outras fontes de
informações, além da Rede Globo, é que pode admitir que o apartamento do
Guarujá pode servir como prova contra Lula por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
Carmen Lúcia pode está certa
em seu discurso, mas está totalmente fora de contexto, por isso que os aliados
de Lula partiram para o ataque verbal contra a injustiça da justiça brasileira.
Ficar calado diante do que aconteceu é pusilanimidade, porque todos sabem que o
apartamento não é de Lula, ele foi penhorado por uma dívida do verdadeiro dono
do apartamento que é a OAS.
A ameaça velada no discurso
de Carmen Lúcia esconde um dos maiores perigos para a sociedade brasileira,
porque quando a justiça age não de forma jurídica, mas invade o campo da
política, estamos diante das premissas para um estado de exceção perigoso,
porque quando a justiça começa a fazer política nenhum cidadão pode mais ter a
quem recorrer para a verdade da justiça vir à tona.
É preciso realmente ser muito
mentecapto para não enxergar que a decisão do TRF-4 foi política, porque se
quiserem condenar um acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro tem que fazer com
provas cabais, não com apartamentos dos outros que está sendo motivo de
pagamento de dívidas. Aqui a justiça não está sendo justa, se fosse justa não
condenava com espetáculos midiáticos apenas Lula, mas também colocava no
cadafalso da justiça indivíduos notoriamente acusados e com provas como Michel
Temer, Aécio Neves, Moreira Franco, Rocha Loures, e outras aves de rapinas.
A aceitação irrestrita e de
bom grado exigida por Carmen Lúcia cai no vazio da falta de seriedade quando
ela fala isso na abertura de um Tribunal, que deve ser justo e decidir com
provas nos crimes que julga, com a presença de sujeitos mais do que acusados de
corrupção, principalmente na presença de um homem como Michel Temer, que todo
mundo sabe que foi acusado de crimes pelo MPF e comprou os deputados para se livrar
das acusações.
A justiça para ser justa
deveria também exigir uma explicação urgente do maior escândalo já registrado
na história mundial, que foi aqueles tantos e tantos milhões em dinheiro vivo
do amigo do presidente, o senhor Geddel Vieira, que a própria justiça parece
que faz questão de deixá-lo escondido e quieto na Papuda. Para condenar Lula e a
sociedade não reagir, a prova deveria ser de fato um apartamento recebido como
propina por Lula no “nome” dele, e não um apartamento que pertence a Construtora
OAS.
A justiça de Carmen Lúcia é a
justiça dos homens e mulheres que recebem “míseros” milhares de reais por mês
acima do teto constitucional, são donos de imóveis de luxos e ainda recebem “horrores”
de auxílios-moradia e outras regalias mais. Diante disso, a sociedade tem é que
reagir mesmo, senão daqui as uns dias nem mesmo escrever poderemos mais, porque
a "justiça" vai contestar tudo e dizer que estamos todos contestando quem não deve
ser contestado quando está fazendo política. A política é a arte de contestar
mesmo, e se estão fazendo política, então...!
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