Por Genaldo de Melo
Alphonse-Louis Constant dizia no seu tempo que sempre
há lógica no poder. Mas ele como mestre de muita gente boa, falava de um poder
diferente, do poder espiritual que todos deveriam saber que é necessário para
que possamos sobreviver juntos como seres humanos que somos. Mas a frase de
forma profana parece que se encaixa direitinho nas safadezas da política
brasileira, com seus santos de barro e outras coisas mais.
Parece que a lógica do poder político no Brasil
sobrepuja a necessidade ética de existirmos como seres humanos dentro do
Estado. Fato interessante porque fica difícil compreender essa lógica miserável
do poder político. Enquanto milhões de brasileiros trabalhadores/as vão ganhar
um novo salário mínimo miserável, que ficam uns e outros alardeando como se
fosse o maior dos fenômenos sociais dos últimos tempos, fica um Presidente do
Senado ganhando R$ 62 mil mensais, e mais outros 464 servidores daquela casa
recebendo salários acima do teto estipulado de R$ 26 mil em nossa República
tupiniquim.
Ridículo! Esse senhor que deveria se aposentar do
mundo político continua um grande viciado da lógica desse poder enviesado e
torto, resultado de nossa formação daqueles malucos que vieram de Portugal, que
nem famílias traziam.
Vejo senhores de idade da casa dos oitenta anos
trabalharem por prazer, mas trabalharem de fato, o que nos orgulha. Mas ver um
senhor na casa dos oitentas anos viciado em poder ganhar tanto dinheiro e
oprimir dois estados brasileiros, dói no coração da gente. Mas existe sempre
lógica no poder político!
Os quatrocentos e sessenta e quatros marajás e mais o
velho Presidente do Senado da República são funcionários públicos, e como tal
deveria ser enquadrados na mesma lógica do teto de salários de funcionários
públicos. Mas não! No Brasil há sempre lógica no poder, e quem tem ele pode
tudo, ganhar salários estratosféricos e mandar todo mundo calar a boca e se contentar
com o pouco que tem. Ou então perde, porque o direito acaba residindo na forma
da lógica do poder.
Apesar de não conhecer o Amapá, conheço muita gente
boa daquele Estado da Federação dos rincões do Norte. E todos são unânimes em
relação a opinião que tem do segundo homem mais poderoso da República
brasileira. Ele não constrói nada no Estado, apenas usa do poder que tem no
auge dos seus R$ 62 mil reais mensais e mais as regalias milionárias que um
senador tem no Brasil para vencer sempre eleições. Porque devemos considerar
que quem passa fome e necessidades não tem forças nem mesmo para pensar em
dizer algumas verdades contra essa lógica miserável do poder.
O Estado do Maranhão conheço um pouco. O povo também
foi enganado e maltratado durante décadas por esse moço da Terceira Idade que
não faz nada pelo seu povo, que sempre o respeitou e sempre encheu as urnas de
votos para o mesmo e membros de sua família. Mas a mesma lógica miserável do
poder funciona naquele Estado do Meio-Norte. É...!
Não estou aqui falando desses assuntos como se fosse
um político que fizesse oposição ao nosso Presidente do Senado (até porque de
política só entendo a convivência humana). Estou opinando porque não concordo com
um homem que é por natureza funcionário público ganhar tanto e a maioria ganhar
tão pouco. Porque receber aposentadoria do Maranhão e como senador do Amapá, se
o Estado Brasileiro é um só?
E mais ainda não concordo, e absolutamente não
concordo, com os altos salários dos 464 servidores da Casa Alta do nosso
Congresso Nacional que recebem salários acima do piso estabelecido em nossa
República.
A lógica que não concordo é saber que muitos passam
dezenas de anos estudando para receber míseros vinténs de cobre (com a licença
de Cora), enquanto uns poucos recebem remunerações absurdas de riquezas
construídas com o sangue e suor dos muitos, para que nosso país seja soberano e
livre, e mais ainda rico. Como pode isso?
Isso não é o poder que o meu nobre amigo francês
falava, isso é distúrbio de naturezas humanas doentes!
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