Por Genaldo de Melo

Definitivamente é vergonhosa demais a
atitude silenciosa de nosso povo diante de tanto desmandos que está acontecendo
em Brasília. Michel Temer não governa, ele apenas faz política para defender
seu nome no Palácio do Planalto.
Definitivamente nos envergonha ver
parlamentares do porte de uma Alice Portugal (PCdoB-BA), um Sílvio Costa
(PTdoB-PE), um Ivan Valente (PSOL-SP) esbravejarem seus discursos em defesa da
democracia, da ética na política e para o fim dessa organização criminosa no
poder, e o povo calado como se bestificados fossem felizes.
Definitivamente não temos Sociedade
Civil organizada no Brasil, porque até mesmo os grupos de interesses
(Movimentos sociais e sindicatos) parecem que estão vivendo no silêncio e no
frio de um túmulo, enquanto Michel Temer vai ficando e rindo da cara de todo
mundo.
Reproduzo o excelente texto de Kiko
Nogueira, publicado em Diário do Centro do Mundo, que demonstra melhor o que
está acontecendo, ou seja, a servidão voluntária de Etienne de La Boétie nunca foi tão
atual no Brasil.
Servidão voluntária: Temer tratora o Brasil na Câmara com as ruas vazias
porque nossa vocação é ser golpeados (Por Kiko Nogueira - DCM)
“Nenhum homem é uma ilha;
cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; (…) a morte
de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não
perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
Considere os versos manjados
de John Donne e o Brasil.
A não ser que caia uma bomba
atômica em Brasilia, Temer sairá como vencedor na Câmara, que vota se a
denúncia da Procuradoria-Geral da República deve seguir para o STF.
Nas contas do governo, 280
parlamentares devem barrar a parada. MT precisa de 176.
Nunca a República foi tão
escancarada, tão explícita. Temer anda mais nu do que David Cardoso em suas
clássicas pornochanchadas. Há carradas de provas, filmes, gravações,
confissões.
No jantar com deputados na
noite de terça, ele se queixou de que há um “banditismo muito negativo. Sou
obrigado a dizer isso em voz alta e em letras garrafais para que as pessoas
saibam com quem estamos lidando”.
O banditismo positivo fica
para outra ocasião, mas as pessoas sabem com quem estão lidando.
Sua taxa de popularidade é de
5% segundo o último Ibope. 93% dos brasileiros querem ver o sujeito
investigado. Todas as pesquisas, sem exceções, são negativas.
E nem assim.
E nem assim o povo saiu às
ruas.
Parte disso é a perspectiva
de colocar Rodrigo Maia, que é a mesma tragédia, no lugar.
Sociólogos de todas as cores
e tamanhos tentam explicar o sumiço dos protestos.
Cláudio Couto, professor de
Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas, disse ao DCM que as grandes
últimas mobilizações sociais da história do Brasil, Diretas Já, Fora Collor e
os atos pró e contra o impeachment de Dilma Rousseff têm um intervalo de anos
entre si.
“Isso não acontece toda
hora”, afirma. Não há o que ele chama de “energia mobilizadora”.
“Os movimentos que pedem Fora
Temer são os mesmos que apoiavam o PT. Então a população tem receio de que se
dá respaldo a esses movimentos, no fundo está querendo que o PT volte”, diz
Maximiliano Vicente, professor de Realidade Socioeconômica e Política da Unesp.
Na campo da esquerda, o
pragmatismo de um Rui Costa, governador da Bahia, é um balde de água fria nos
militantes. A tal “governabilidade” da foto com Maluf.
Mas o problema talvez seja
nossa vocação.
O Paulo Nogueira escreveu
um belo texto sobre a servidão voluntária, termo
cunhado por Etienne de La Boétie no século 16.
“La Boétie sustentava que são
as pessoas que dão poder aos tiranos. Por isso elas são mais dignas de desprezo
do que os ditadores de ódio”, lembrou o Paulo.
Somos o país do acordão feito
de cima para baixo, desde a Independência.
Jango caiu sem resistência, Dilma
também (inclusive a dela), a Globo põe e tira, Gilmar Mendes humilha o STF,
Sérgio Moro barbariza, Lula é triturado, Rafael Braga fica na cadeia — nada acontece
feijoada.
Michel Temer vai sair nos
braços de um bando de corruptos comprados com dinheiro público num processo
vergonhoso.
Meia dúzia de curiosos estarão assistindo. Nas redes sociais, sobe
a hashtag #InvestiguemTemer ou qualquer coisa besta. Em duas horas, troca por
uma da Anitta.
Em 2018, muitos desses
picaretas serão reeleitos. E segue o baile.
A culpa é de quem? Sua.
Nossa. Por que ninguém foi à Paulista?
Não perguntes por quem os
sinos dobram. Eles dobram por ti.
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