Pular para o conteúdo principal

FHC apunhala Serra, o “revitalizado”

Por Altamiro Borges

A entrevista de FHC no Estadão de terça-feira (28) deveria servir de alerta para os eleitores paulistanos e, principalmente, para o senador Aécio Neves, que parece viver embriagado. Nela o ex-presidente diz que a disputa para a prefeitura da capital “revitaliza” Serra e o incentiva para as eleições de 2014. A manchete do Estadão tira qualquer ressaca: “Serra ainda pode disputar a Presidência, indica FHC”.

De Nova Iorque, onde concedeu a entrevista para o jornalista Gustavo Chacra, FHC pode ter bagunçado as dissimulações do ex-governador e de seus fiéis capachos – como Gilberto Kassab. Um dia antes, o pragmático prefeito da capital paulista havia jurado de pé junto que José Serra “abandonará” seu projeto de ser novamente candidato a presidente da República.

Ex-presidente bagunçou a camuflagem

O objetivo de Kassab era convencer os eleitores de que Serra não trairia novamente os paulistanos, abandonando a prefeitura na metade da gestão, e também acalmar o rival tucano Aécio Neves. Mas FHC bagunçou a camuflagem. Segundo ele, Serra ganha força ao disputar a eleição de outubro próximo e, mais do que nunca, está novamente no páreo para a sucessão presidencial. Veja alguns trechos:

*****

O senhor mencionou que o senador Aécio Neves (MG) é o candidato óbvio do PSDB para 2014.

Foi uma pergunta feita pela revista The Economist: quem é o candidato óbvio? Eu respondi que o Serra vai sair candidato, não vai desistir. E eles perguntaram quem seria o outro. É o Aécio. É uma coisa que todo o mundo sabe. São os dois que estão despontando com mais força.

Mas com o Serra se candidatando a prefeito...

Abre espaço para outra candidatura a presidente. Agora, sempre tem que colocar aquela cláusula de prudência. A política é muito dinâmica. O Serra pode ganhar ou pode perder. Nos dois casos, o fato dele ser candidato agora reforça a presença dele como um líder. Todo líder político, enquanto quiser se manter ativo na política, tem de ter a expectativa de poder. Tem que ser candidato.

O Serra, ao tomar a decisão de se candidatar (para a Prefeitura), volta à cena política com força. Onde ele é necessitado neste momento? Onde o partido o vê com bons olhos neste momento? É aí (na Prefeitura). Isso significa que amanhã ele não pode ser outra coisa? Não.

Mas não pega mal para o Serra, que já foi prefeito uma vez e saiu para se candidatar (o tucano deixou a Prefeitura em 2006, para disputar a Presidência, e o governo do Estado, em 2010, para mais uma vez entrar na disputa presidencial)?

Ele vai tomar as precauções devidas porque ele tem de ganhar a eleição. Provavelmente ele vai reafirmar a disposição dele (de permanecer na Prefeitura). Mas não vi, não falei com ele. Política não é uma coisa em que o horizonte se fecha. De repente, o que estava fechado se abre. Acho que a decisão do Serra foi a mais adequada neste momento para ele e para o partido. Dá a chance para o partido ganhar e dá a ele uma revitalização política.

*****

"Precauções para ganhar a eleição"

Com escancara o "sincero" ideólogo tucano, Serra, Kassab e outros direitistas vão "tomar as precauções devidas para ganhar a eleição". Ou seja: vou mentir novamente para os eleitores. Além disso, vão tentar abrandar, temporariamente, a disputa interna no PSDB entre Serra e Aécio. Depois, afirma o teórico FHC, "o horizonte não se fecha" e Serra pode retornar sua eterna briga pela presidência da República.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

A cada dia aumenta o número de pré-candidatos em Feira de Santana, agora é Dilton Coutinho

Por Genaldo de Melo Mais um nome entra na fogueira das discussões e cogitações para ser candidato ao Paço Municipal em Feira de Santana, e o assunto não deixa de ser cogitado hoje em rodas de conversas, jornais, sites e blogs, além do mundo política da cidade. Dessa vez surge como candidato o radialista Dilton Coutinho, nome bastante conhecido nos meios de comunicação local. Ontem em entrevista no seu programa Acorda Cidade na rádio Sociedade de Feira FM o deputado federal Fernando Torres (PSD) disse ser pré-candidato a prefeito, mas caso Dilton resolva ser do mesmo modo, ele oferece seu partido para abrigar o comunicador como candidato: “Eu sou pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, mas se você for Dilton Coutinho eu abro mão. O PSD está a sua disposição amigo Dilton Coutinho”, disse Fernando Torres, presidente do PSD no município. Do mesmo modo a discussão apareceu ontem na Câmara de Vereadores pela vereadora Eremita Mota (PDT e pelo vereador David Neto (PTN).

A verdade sobre o esvaziamento das palavras golpe e "Fora Temer"

Por Genaldo de Melo Com a falta de povo nas ruas a mídia trabalha constantemente o esvaziamento do sentido real da palavra "golpe" que está acontecendo de fato.  A palavra "golpe" repete-se, repete-se, e repete-se como um mantra que perdeu o significado.  Num momento tão crucial como este, em que o projeto de governo eleito pelo voto democrático está sendo trocado por outro completamente diferente e que não passou pelo crivo das urnas, substituíram as grandes mobilizações de massa pela ação individual alegórica, pois se pulverizou a indignação popular apenas na palavra “golpe” nas redes sociais e em cartazes.  É impossível não notar que isso ocorre ao mesmo tempo em que a tradicional mídia jornalística trocou a aguerrida cobertura dos acontecimentos econômicos e políticos por um atual tom de meras trivialidades.  Quem acompanha o noticiário político e econômico não deixou de perceber que a mesma indignação que impulsiona inúmeras matérias jornalísti...