Por Emir Sader, no sítio Carta
Maior:
“Por que os jornalistas não deveriam responder por suas
palavras, dado que eles exercem um poder sobre o mundo social e sobre o próprio
mundo do poder?” Assim o atual diretor do Le Monde Diplomatique francês, Sege
Halimi, abre o seu livro “Os novos cães de guarda”. O livro retoma, no seu
titulo, o livro de Paul Nizan, “Os cães de guarda”, publicado originalmente em
1932, e tornado famoso pela sua reedição em 1960, quando Sartre prefacia um
outro livro de Nizan, Aden Arabie, relançando sua obra.
Nizan dizia que os intelectuais não devem ser os
taquígrafos da ordem, mas aqueles que saibam a necessidade de superá-la, isto é,
de subvertê-la. “O homem jamais produziu nada que testemunhasse a seu favor,
senão com atos de cólera: seu sonho mais singular é sua principal grandeza,
reverter o irreversível.” Recusar “esconder os mistérios da época, o vazio
espiritual dos homens, a divisão fundamental de sua consciencia, e esta
separação cada dia mais angustiante entre seus poderes e o limite real de sua
realização”.
Halimi escreveu “Os novos cães de guarda” (Jorge Zahar, no
Brasil), na coleção de combate dirigida por Pierre Bourdieu, para atualizar o
fenômeno, que tornou-se um fenômenos essencialmente midiático nos nossos dias. A
mercantilização neoliberal arrasou o campo midiático: “A informação tornou-se um
produto como outro qualquer, comprável e destinado a ser
vendido...”
Halmim faz um livro devastador, porque simplesmente retrata
como são produzidas as informações e as interpretações a favor do poder e da
riqueza. “Reverência diante do poder, prudência diante do dinheiro...”- resume
ele, que revela as tramas de cumplicidade e de promiscuidade entre a velha mídia
e os poderes economicos e políticos. E, também, como esses empregados das
empresas de comunicação se promovem a si mesmos, alegremente, numa farsa de
fabricação de opinião publica – expressão de Chomsky – de forma oligárquica e
elitista.
Quem ousa romper com o consenso dominante é desqualificado como
“populista”, “demagogo” pelos “cardeais do pensamento único”, que nos venderam
suas mercadorias como a única via possível de “governos responsáveis”,
afirmações pelas quais nao respondem hoje, quando essas certezas revelam suas
misérias e os sofrimentos que causam para os povos cujos governos ainda se guiam
por esses dogmas. “Mídias cada vez mais concentradas, jornalistas cada
vez mais dóceis, uma informação cada vez mais medíocre”, conclui Halimi.
Perguntado pela razão de que a velha mídia não se reforma, não se renova, o
ex-ministro da educação da França, Claude Alegre, político de direita, respondeu
com franqueza: “Eu vou lhes dar uma resposta estritamente marxista, eu que nunca
fui marxista: porque eles não têm interesse... Por que os beneficiários dessas
situação não têm o menor interesse em mudá-la.”
O livro de Halimi foi
transformado em documentário e é o filme mais interessante para se ver em Paris
atualmente, com o mesmo titulo do livro: “Os novos cães de guarda”. Dirigido por
Gilles Balbastre e Yannick Kergoat, com a participação do próprio Halimi no
roteiro, o filme poderia ser transporto mecanicamente para o Brasil, a
Argentina, a Veneuela, o México, qualquer país latino-americano, apenas mudando
os nomes dos jornalistas, dos donos das empresas midiáticas e dos supostos
especialistas entrevistados, representantes da riqueza e do poder nas nossas
sociedades.
Entre outras informações sonegadas pela velha mídia, cada vez
que alguém é entrevistado ou chamado para alguma reunião na velha mídia,
aparecem os créditos da pessoa: seu cargo nas empresas privadas, sua
participação em outras, as ações que dispõem, etc. Para que se saiba quem está
falando, sem disfarçá-lo na qualidade de “especialista”, grande economista, etc,
etc.
Mais informações sobre o filme podem ser obtidas em
www.lesnouveauxchiensdegarde.com.
Maior:
“Por que os jornalistas não deveriam responder por suas
palavras, dado que eles exercem um poder sobre o mundo social e sobre o próprio
mundo do poder?” Assim o atual diretor do Le Monde Diplomatique francês, Sege
Halimi, abre o seu livro “Os novos cães de guarda”. O livro retoma, no seu
titulo, o livro de Paul Nizan, “Os cães de guarda”, publicado originalmente em
1932, e tornado famoso pela sua reedição em 1960, quando Sartre prefacia um
outro livro de Nizan, Aden Arabie, relançando sua obra.
Nizan dizia que os intelectuais não devem ser os
taquígrafos da ordem, mas aqueles que saibam a necessidade de superá-la, isto é,
de subvertê-la. “O homem jamais produziu nada que testemunhasse a seu favor,
senão com atos de cólera: seu sonho mais singular é sua principal grandeza,
reverter o irreversível.” Recusar “esconder os mistérios da época, o vazio
espiritual dos homens, a divisão fundamental de sua consciencia, e esta
separação cada dia mais angustiante entre seus poderes e o limite real de sua
realização”.
Halimi escreveu “Os novos cães de guarda” (Jorge Zahar, no
Brasil), na coleção de combate dirigida por Pierre Bourdieu, para atualizar o
fenômeno, que tornou-se um fenômenos essencialmente midiático nos nossos dias. A
mercantilização neoliberal arrasou o campo midiático: “A informação tornou-se um
produto como outro qualquer, comprável e destinado a ser
vendido...”
Halmim faz um livro devastador, porque simplesmente retrata
como são produzidas as informações e as interpretações a favor do poder e da
riqueza. “Reverência diante do poder, prudência diante do dinheiro...”- resume
ele, que revela as tramas de cumplicidade e de promiscuidade entre a velha mídia
e os poderes economicos e políticos. E, também, como esses empregados das
empresas de comunicação se promovem a si mesmos, alegremente, numa farsa de
fabricação de opinião publica – expressão de Chomsky – de forma oligárquica e
elitista.
Quem ousa romper com o consenso dominante é desqualificado como
“populista”, “demagogo” pelos “cardeais do pensamento único”, que nos venderam
suas mercadorias como a única via possível de “governos responsáveis”,
afirmações pelas quais nao respondem hoje, quando essas certezas revelam suas
misérias e os sofrimentos que causam para os povos cujos governos ainda se guiam
por esses dogmas. “Mídias cada vez mais concentradas, jornalistas cada
vez mais dóceis, uma informação cada vez mais medíocre”, conclui Halimi.
Perguntado pela razão de que a velha mídia não se reforma, não se renova, o
ex-ministro da educação da França, Claude Alegre, político de direita, respondeu
com franqueza: “Eu vou lhes dar uma resposta estritamente marxista, eu que nunca
fui marxista: porque eles não têm interesse... Por que os beneficiários dessas
situação não têm o menor interesse em mudá-la.”
O livro de Halimi foi
transformado em documentário e é o filme mais interessante para se ver em Paris
atualmente, com o mesmo titulo do livro: “Os novos cães de guarda”. Dirigido por
Gilles Balbastre e Yannick Kergoat, com a participação do próprio Halimi no
roteiro, o filme poderia ser transporto mecanicamente para o Brasil, a
Argentina, a Veneuela, o México, qualquer país latino-americano, apenas mudando
os nomes dos jornalistas, dos donos das empresas midiáticas e dos supostos
especialistas entrevistados, representantes da riqueza e do poder nas nossas
sociedades.
Entre outras informações sonegadas pela velha mídia, cada vez
que alguém é entrevistado ou chamado para alguma reunião na velha mídia,
aparecem os créditos da pessoa: seu cargo nas empresas privadas, sua
participação em outras, as ações que dispõem, etc. Para que se saiba quem está
falando, sem disfarçá-lo na qualidade de “especialista”, grande economista, etc,
etc.
Mais informações sobre o filme podem ser obtidas em
www.lesnouveauxchiensdegarde.com.
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