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José Dirceu: Coisa que parece vinda das trevas

Uma dúzia de militares - não mais que isto - programa para depois de amanhã, 31 de março, às 11h, sobrevoar a Praia da Barra em comemoração aos 48 anos do que eles chamavam de "revolução' e "redentora", o golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil a 1º de abril de 1964.


No ato, programado por uma Associação dos Veteranos Paraquedistas, os militares sairão do aeroporto de Jacarepaguá em um avião alugado, sobrevoarão a Praia da Barra e saltarão na área de um quiosque enquanto a aeronave retorna ao mesmo aeroporto.

Um dos organizadores da comemoração, o oficial da reserva da Marinha Valdir Ferraz, afirmou ao jornal O Globo que como não há ajuda das Forças Armadas, o evento será "econômico" e contará com o apoio dos "patriotas que restaram".

Valdir vai mais longe e explica: "No ano passado a presidenta Dilma acabou com as comemorações da Revolução de 64. Mas, agora, queremos mostrar que ela não pode calar o pessoal da reserva, já que os da ativa nada podem fazer".

Exército já retirou comemorações de seu calendário oficial

Está por fora o Valdir. E desinformado. Antes da presidenta extinguir as comemorações do golpe no ano passado, o Exército já as havia retirado de seu calendário oficial e nem fazia mais aquelas "ordens do dia" comemorativas a respeito.

Mas, a questão, por enquanto, ainda tem um lado sério e grave: setores da reserva das Forças Armadas, e elas em seu conjunto, em sua leitura pedagógica nas escolas militares, ainda não assumiram a versão correta da história sobre a caráter ilegal e inconstitucional do golpe e da natureza ditatorial do regime de 1964. Apesar deste caráter ser de uma obviedade...

A situação, então, se desdobra em dois problemas de natureza distinta. O primeiro: manifestações do tipo dessa programada para sábado, não há como resolver. Estamos numa democracia, e elas têm de ser permitidas, desde que não façam apologia do golpe e dos crimes praticados durante o regime militar.

Versão fantasiosa dos currículos militares

Já o segundo problema, essa persistência nos currículos das escolas militares de uma versão pela qual não assumem o caráter criminoso, ilegal e inconstitucional do golpe militar de 64, este sim, pode ser resolvido. Como começou a ser quando o 31 de março deixou de ser comemorado pelas Forças Armadas.

Espero que esta versão persista por pouco tempo, que a verdade histórica, e não o engôdo, seja aceita e que também estes currículos passem a reconhecer aquilo como uma quartelada, um golpe, como ensinam os princípios da Constituição democrática e cidadã de 1988, a qual todos, civis e militares, devemos obediência.


Fonte: Blog do Zé

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