Por Renato Rabelo, em seu blog:
Merval Pereira, colunista de O Globo, sintetiza esta estratégia em artigo publicado em seu jornal sob o título “Governo brasileiro está a reboque de Chávez”. Em suma, o pensamento que ele apresenta nada mais é do que a reafirmação de sua posição ideológica contra as experiências avançadas de democracia na América Latina, em que presidentes foram eleitos pelo povo de seus respectivos países.
“Grande imprensa” e “formadores de opinião”, além de eventuais “acadêmicos
de aluguel”, assacam contra a democracia de forma uníssona e se apoiam no
conceito de “democracia representativa” para legitimar a ação golpista no
Paraguai. Mas o movimento é de maior alcance e se encontra diretamente com os
interesses do imperialismo na região, notadamente na utilização deste episódio
para desgastar tanto as experiências progressistas como o da Venezuela, Bolívia,
Equador e Argentina, como a política externa do governo brasileiro.
Merval Pereira, colunista de O Globo, sintetiza esta estratégia em artigo publicado em seu jornal sob o título “Governo brasileiro está a reboque de Chávez”. Em suma, o pensamento que ele apresenta nada mais é do que a reafirmação de sua posição ideológica contra as experiências avançadas de democracia na América Latina, em que presidentes foram eleitos pelo povo de seus respectivos países.
A democracia representativa deve mesmo ser alvo de defesa, conforme
sublinarmente atesta o jornalista. Mas o papel desta democracia, com todos os
limites possíveis, está essencialmente na salvaguarda dos elementares direitos
de defesa de qualquer cidadão. Este é o ponto, pois em menos de dez horas
iniciou-se e encerrou-se um processo contra um presidente legitimamente eleito,
sem o menor direito de defesa. E o direito de defesa é um direito humano
básico.
Fazer uma defesa conservadora da democracia representativa só é possível
com a completa abstração de elementos essenciais à análise da realidade. É desta
forma que procede esse verdadeiro monopólio da comunicação num país como o
Brasil. Existe toda uma dinâmica das classes sociais no Paraguai expressa no fim
deste processo. Existem interesses anexos que vão desde o imenso monopólio da
terra exercido por 2% da população, o monopólio da informação e os próprios
interesses estratégicos do imperialismo que não são poucos. Exemplo disto está
numa ideia central difundida pelos golpistas da necessidade de "dolarizar" a
economia paraguaia, o que em outras palavras, significa "recolonizar" o país,
fazendo-o retroceder 200 anos em sua história.
Tudo isso forma um caldo de caráter fascista e antinacional nada
desprezível e com uma força política capaz de dobrar mais de 90% de um
parlamento, em uma democracia frágil e onde a capacidade de organização popular
ainda dá seus primeiros passos.
Para nós não existe espaço para defensiva no debate de ideias que deve se
prolongar por conta deste triste episódio. O governo brasileiro vai tomando suas
medidas e outros países membros do Mercosul também colocam-se em alerta máximo
para que esta iniciativa golpista não se imponha contra os tratados assinados
nesta importante instância de articulação política, comercial e econômica do
Cone Sul. O momento é de claro enfrentamento político.
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