Por Genaldo de Melo

Se
a parcela da população que tem o mínimo de compreensão das coisas
políticas, principalmente aquela formada por pessoas que são militantes
dos movimentos sociais que foram às ruas contra o golpe proferido pelos
verdadeiros corruptos da Lava Jato, pensava que os membros das castas
componentes da direita brasileira queriam apenas tirar Dilma Rousseff do
Palácio do Planalto para eles tomarem conta do governo via Michel
Temer, pode está bem envolvida na mais enganosa das tramas mentais.
A
direita brasileira não quer é ser contestada de modo nenhum,
principalmente porque ela mesma reconhece na prática que nunca soube
fazer oposição política, mas os movimentos sociais, os militantes dos
partidos de esquerda, os artistas e intelectuais orgânicos sempre
souberam contestar, e vão fazer a contestação porque sabem que esse
governo não é legítimo, não passou pelo crivo do voto popular como reza
nossa Constituição Federal.
A
contestação através da mobilização nas ruas é um direito para todos,
exemplo é que em tempos recentes todos os lados em luta, reacionários,
conservadores e progressistas ocuparam as ruas do Brasil para defenderem
suas teses. O limite do que pode e do que não pode está estabelecido
nas Constituição Federal. O que não se pode é transgredir-la, porque
isso dá cadeia. E qualquer cidadão de bem que vai às ruas e conhece seus
direitos sabe seus limites para não ser chamado pela Folha de São Paulo
e pelo Estadão de bandido.
A
direita brasileira resolveu usar esses dois meios de imprensa para
pautar o governo para mandar “porrada” em qualquer um que discordando
das ações impopulares do governo vá às ruas protestar. A direita
brasileira está com medo e sabe que o povo não é tão manso como cordeiro
para aceitar calado tudo. Sabe mesmo o que poderá acontecer nas ruas
quando o governo “ilegítimo” colocar em prática no Congresso Nacional o
que vem prometendo há dias, principalmente as reformas previdenciária e
trabalhista.
O povo vai para as ruas de forma pacífica como sempre fez. E
baderneiros existem em todos os lugares. É bom lembrar o que fizeram
recentemente no Paraná com Letícia Sabatella, e em todo o país com
pessoas que se vestem de vermelho. Mas Folha e Estadão resolveram
antecipar que vai acontecer no Brasil manifestações de rua e resolveram
conceituar segundo seus pontos de vistas quem são os protagonistas dos
movimentos sociais.
Na
folha de São Paulo “Grupelhos, extremistas costumam atrair psicóticos,
simplórios e agentes duplos, mas quem manipula os cordéis? O que
pretendem tais pescadores de águas turvas? Quem financia e treina essas
patrulhas de fascistóides? Está mais do que na hora de as autoridades
agirem de modo sistemático a fim de desbaratá-las e submeter os
responsáveis ao rigor da lei”. Confesso que nunca vi na minha vida tais
coisas: primeiro, treinamento no Brasil de patrulhas fascistóides que
podem compor os quadros dos movimentos sociais de forma
profissionalizada; e segundo, a Folha de São Paulo exigir “de as
autoridades...” tomarem as providências!
O
Estadão foi mais profundo e colocou a culpa das manifestações recentes
que está acontecendo no Brasil (e que naturalmente vão acontecer se
colocarem em prática projetos de lei que arrebentem com a vida dos
brasileiros) em Dilma Rousseff pelo seu discurso quando deixou a
Presidência da República. Segundo o jornal pode ser prenúncio de uma
grave disruptura política e social cuja simples possibilidade é preciso
exorcizar.
Par
o Estadão o remédio “Cabe as autoridades constituídas reprimir a
baderna e impedir que a desordem se torne rotina. É preciso saber
distinguir o legítimo e democrático direito a manifestação no espaço
público da baderna que atenta contra o direito da população de viver seu
cotidiano em paz. (...) A baderna nas ruas, longe de ser uma forma
legítima e democrática de manifestação popular, é um grave atentado ao
direito fundamental que os cidadãos, o povo, têm de viver em paz”. Assim
“porrada” em todo mundo que for prá ruas, porque por esse discurso
qualquer cidadão com uma bandeira, um broche ou adesivo com “Fora Temer”
é baderneiro! E a polícia pode bater como fez com o advogado no Rio
Grande do Sul recentemente ao vivo.
Aqui
cabe alguma consideração. Nos últimos anos mudanças aconteceram com
novas políticas para o povo brasileiro, e que os novos residentes do
poder em Brasília já disseram que vão revogar. Em acontecendo isso, não
serão apenas os movimentos sociais que vão para as ruas, será o próprio
povo. E se o povo insatisfeito for para as ruas mesmo apoiado pelos
movimentos sociais, serão considerados bandidos, criminosos,
baderneiros, fascistoides, e deverão levar “porrada”? Então quer
dizer que vão privatizar o patrimônio público, aumentar o trabalho para
oitenta horas semanais, aumentar o prazo da aposentadoria para setenta
anos, acabar com o SUS, criar “exércitos de reservas” no mercado de
trabalho, congelar salários e quem for para as ruas vai apanhar? Morda
meu dedo, que não dói...!
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