Por Genaldo de Melo
Definitivamente para qualquer sujeito normal
está muito difícil compreender e assimilar o conceito prático do movimento
chamado Escola Sem Partido, quando a tese principal dele se sustenta no
discurso contra tudo o que “cheira” a marxismo ou esquerda, e principalmente
quando qualquer discussão sobre a crítica à colonização cultural e econômica, a
hegemonia pela força dos EUA e à igreja, que nada dizem respeito ao marxismo, é
colocada como forma de doutrinação.
Parece incoerente ver doutrinação somente naquilo
que supostamente é considerado como marxismo, exatamente num momento histórico
em que o marxismo não está muito em voga, pois até mesmo o PT em seus governos
não atentou para o discurso prático do marxismo.
Parece fenômeno de fato para ser estudado, de
quem quer descobrir formas de dominar quem não concorda com suas opiniões e
seus pontos de vistas pessoais, e isso vai além de doutrinação de quem defende
essa asneira de Escola Sem Partido, pois isso não passa de censura explicita.
Qual é mesmo o partido político que está doutrinando as escolas brasileiras e
os alunos que formarão a nossa nova geração? Será mesmo que vão ter que colocar
além de um professor bem remunerado em sala de aula, um vigilante para observar
o que ele diz em sala, ou vão colocar câmaras filmadoras para gravar os
professores em seus afazeres pedagógicos?
Definitivamente fica difícil compreender a
cabeça dos mentores do movimento Escola sem Partido, quando se ver que no
Brasil os chamados verdadeiros marxistas, exatamente aqueles que fazem propaganda de
suas atividades, não vão a lugar nenhum do ponto de vista eleitoral. Se for
dialogar com os resultados das urnas os chamados doutrinadores marxistas
somaram apenas 1,7% dos votos válidos nas últimas eleições (PSOL, PSTU, PCO e
PCB), o que não chega a eleger ninguém para propor doutrinação em escolas,
principalmente as públicas.
No âmbito federal tem quatro projetos de lei
tratando desse assunto de Escola Sem Partido. Os PL’s 7180, 7181 e 867 com
palavras diferentes em ambos tratam da mesma alteração na legislação atual, que é a
prevalência de valores da família do aluno sobre os da escola, no que diz
respeito às questões morais, religiosas e sexuais. O PL 1859 limita debates
sobre gênero e orientação sexual. Mas o que significa isso mesmo para esses que
defendem a tese de Escola Sem Partido: pluralismo ou censura?
Resumindo para não se perder muito tempo, a
Escola Sem Partido é aquela que está sob a coordenação da doutrinação das teses
que defendem os liberais que se dizem sem partido, mas em função das teses
defendidas exatamente por partidários liberais, do ponto de vista econômico e
político. Então é mais uma maluquice de quem acha que tudo no Brasil
ultimamente é culpa do PT ou das esquerdas que governaram para ricos e pobres.
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