Por Genaldo de Melo
Após colecionar
recuos consecutivos nos indicadores de pobreza extrema por nove anos, a miséria
aumentou no Brasil e atingiu 4,03% da população nacional em 2013 — um ano
antes, havia sido de 3,63%. Considerando que a sociedade brasileira era
composta por 201 milhões de pessoas naquele ano, tratam-se de 8,1 milhões de
pessoas vivendo com menos de R$ 70 por mês. Os dados constam da 23ª edição
do Boletim de Políticas Sociais: acompanhamento e análise, divulgada pelo
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nesta quinta-feira (16). O
estudo leva em conta dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio)
2013. Apesar da ampliação do valor médio do programa Bolsa Família — de R$ 94
em 2011 para R$ 167 em 2014 —, o Ipea reconhece que o poder de compra das
famílias diminuiu e contribuiu para o aumento da miséria, estimulado
principalmente pela inflação. Isso porque as "perdas inflacionárias podem
comprometer em pouco tempo os próprios ganhos auferidos com a estratégia de
transferência de renda", informou o Ipea. — O último reajuste dos
benefícios ocorreu em abril de 2011. A inflação acumulada entre o último
reajuste e o atual é de 20,43%, portanto, bem superior ao reajuste concedido.
[...] A ausência de correção monetária dos benefícios do PBF [Programa Bolsa
Família] nos últimos três anos atingiu, entretanto, menos as famílias mais
miseráveis e com maior número de filhos. O instituto também avaliou que
"na discussão em torno da leitura dos resultados desta pesquisa, alguns
analistas argumentaram que a variação da taxa da pobreza extrema foi muito
pequena, não sendo, portanto, estatisticamente relevante. Observa-se, contudo,
que variações de magnitudes similares nos anos anteriores foram comemoradas
como avanços na redução da miséria".(R7)
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