Por Genaldo de Melo
Algumas
semanas atrás uma interessante matéria em um jornal do Rio trouxe dados
sobre a recente queda nas filiações de jovens entre 16 e 24 anos nos
partidos políticos brasileiros. A partir de uma comparação entre os
números de filiação dos eleitores entre 2009 e 2015 das cinco maiores
legendas – PMDB, PT, PP, PSDB e PDT – o jornal concluiu que os jovens
reduziram seu interesse pelos partidos. A informação e análise são do cientista político Theófilo Rodrigues,
coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé -
Núcleo Rio de Janeiro, em matéria publicada por Correio do Brasil,
28-07-2015. Não sei se por hobby, por ofício ou apenas vício fui em busca de mais
informações sobre o assunto diretamente na fonte: o TSE. E qual foi
minha surpresa? Quando reunidos, sistematizados e observados percebemos
que aqueles montantes de números revelam muito mais do que trouxe a
matéria. Podemos dizer, por exemplo, que dos 17 partidos que foram listados, os
que em 2014 possuíam a menor proporção de filiados jovens em suas
fileiras eram aqueles que se encontravam à direita do espectro político:
PTB (1,6%), PMDB (1,6%), PP (1,6%) e DEM (1,4%). Por outro lado, o
partido que possuía a maior proporção de jovens de 16 a 24 anos filiados
era o PSOL – esquerda do espectro político – com 11,5%. No que diz respeito à redução do número de jovens filiados nos partidos
políticos de 2009 para 2015 a matéria poderia ter mencionado um fato
interessante: o PSOL foi o único que ampliou efetivamente o número de
eleitores entre 16 e 24 anos em suas fileiras durante o período. Mesmo sob a forte influência da criminalização da política praticada por
alguns setores do jornalismo brasileiro e do mau exemplo oferecido por
certos políticos patrimonialistas que confundem o público com o privado,
os jovens continuam buscando partidos políticos para se filiarem. O que os dados parecem indicar é que talvez esses jovens estejam
preferindo outros partidos em vez dos tradicionais que ocupam o poder. O
Podemos na Espanha, o Syriza na Grécia ou os comunistas no Japão
parecem evidenciar isso. Até onde a vista alcança não haverá democracia sem partidos. A tarefa
cidadã do momento consiste, portanto, em construí-los de forma
significativa entre o sonho e a responsabilidade. Ou, como diria
Gramsci, na linha tênue entre “o pessimismo da razão e o otimismo da vontade”.(unisinos.br)
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