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As Farc dão um passo para a paz

Editorial do vermelho

A libertação unilateral dos últimos prisioneiros de guerra em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foi um gesto de boa vontade do movimento guerrilheiro para sinalizar a disposição de estabelecer um diálogo objetivo com o governo em negociações claras, visando a pôr termo ao conflito armado mais antigo no continente latino-americano e alcançar a pacificação do país.

De maneira muito acertada, os insurgentes colombianos apresentaram a questão humanitária dos presos de guerra como ponto de partida para a realização de entendimentos. Nesse sentido a libertação de prisioneiros feita pelas Farc na última segunda-feira é fato relevante que poderá vir a significar um ponto de viragem no quadro do conflito que já dura cinco décadas.

Observe-se que a libertação dos detidos foi precedida da decisão das Farc de proscrever as retenções de suas ações revolucionárias. Esta decisão já era uma sinalização de que os revolucionários colombianos estão dispostos a criar oportunidades para a paz.

Estes gestos do movimento insurgente colombiano foram bem recebidos por amplos setores políticos internos e acompanhados de perto por movimentos sociais e personalidades internacionais empenhadas na luta pelos direitos humanos e a paz. A presença das Mulheres do Mundo pela Paz acompanhando toda a operação de resgate, lado a lado com a ex-senadora Piedad Córdoba, ativista incansável pelos direitos humanos, mostra o respaldo que as iniciativas humanitárias e pacifistas alcançam.

Os fatos demonstram que a Colômbia vence um ciclo e pode ingressar em outro. Ficou patente como é importante buscar uma saída política e não militar para o conflito armado, no que pesará muito o clamor popular e das forças políticas progressistas com responsabilidade social e nacional para que prevaleçam a democracia, o respeito à luta do povo e aos direitos humanos.

Nesse sentido, é necessário valorizar o que disse a ex-senadora Piedad Córdoba, coordenadora da ONG Colombianos e Colombianas pela Paz, que muito contribuiu para o desfecho positivo do último episódio da libertação dos detidos. Para ela, o mais importante é prosseguir na rota do diálogo, pois não há outra forma de alcançar a paz.

É significativo que o ex-presidente Ernesto Samper tenha considerado positivos os gestos pacificadores das Farc e exortado o presidente Juan Manoel Santos a responder com fatos que levem à paz.

O próprio presidente Santos, ainda que com ressalvas por achar insuficientes, não deixou de valorizar os gestos das Farc de libertar os 10 prisioneiros e proscrever as detenções como método de ação. Ele chegou mesmo a dizer que o que as Farc fizeram agora é um passo importante na direção da paz.

A palavra agora está com o mandatário. Um gesto de boa vontade por parte do seu governo seria permitir o acesso aos cárceres colombianos das ativistas pela paz e os direitos humanos do grupo Mulheres do Mundo pela Paz, que acompanham os esforços da ex-senadora Piedad Córdoba. Nesses cárceres encontram-se milhares de presos políticos, das Farc, ELN e outras organizações políticas, em condições precárias e sob violação dos direitos humanos. Para alcançar a paz, também é necessário gestos humanitários da parte do governo.

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