Por Genaldo de Melo

Conforme parlamentares ouvidos por Congresso em Foco, a ala mais
conservadora da Casa articula nos bastidores uma forma de tentar vetar a cota
de mulheres no parlamento. O raciocínio deles é simples: a reserva de vagas
para mulheres, na visão dos deputados mais conservadores, atrapalha o jogo
político e cria uma disputa “desigual” entre homens e mulheres no Parlamento. “Com cota, uma mulher vai
chegar à Câmara com um número bem menor de votos em relação aos homens”,
analisou um integrante da bancada BBB. Durante as votações da reforma política, havia a
previsão de que este item, incluído no texto-base do deputado Rodrigo Maia
(DEM-RJ), fosse votado na noite desta quinta-feira (28). Mas isso não ocorreu
em função de uma articulação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
também tido como integrante da bancada evangélica da Câmara. A expectativa é que o tema cota para mulheres seja
discutido na próxima semana pela Casa. No entanto, conforme integrantes da
bancada BBB, os parlamentares ainda tentam viabilizar uma forma de retirar a
parte relacionada à cota de mulheres do texto da reforma política para evitar
um eventual desgaste de que o tema seja rejeitado em Plenário. “A ideia, na prática, é se
vetar a cota das mulheres. Poucos são os deputados que estão interessados
nisso”, admitiu um parlamentar integrante da base do governo ao Congresso
em Foco. Na
semana passada, a bancada feminina fez um ato na Câmara dos Deputados pedindo a
cota para mulheres no Parlamento. Segundo o Fórum Nacional de Organismos
Governamentais de Políticas para as Mulheres, as mulheres representam 52% do
eleitorado, mas ocupam 10% das vagas na Câmara, 16% no Senado, 11% nas
assembleias legislativas e 13% nas câmaras de vereadores. “Não é possível continuar convivendo com um sistema
político que não reflita o protagonismo das mulheres na sociedade brasileira.
Tem uma série de impedimentos para que as mulheres cheguem ao Poder
Legislativo. Defendemos as cotas para as vagas das cadeiras nos parlamentos”,
disse, na semana passada, a ministra da Secretaria de Políticas para as
Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, acrescentando que “o governo apoia a
reforma política inclusiva, e as mulheres são prioridade nessa inclusão.”
(Com informações de Congresso em foco)
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