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Confesso que não sou drogado, senhor Presidente!

Por Genaldo de Melo
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As regras constitucionais em nosso país são bastantes claras para que todos possam compreender que têm a mais absoluta liberdade de expressão, mas que não se deixe jamais de ao proferir qualquer opinião particular procurar dentro do que lhes reserva o processo democrático respeitar aos demais, inclusive aqueles que pensam diferente do que pensamos. Se do contrário sairmos todos proferindo impropérios e absurdos contra tudo e contra todos, nesse caso deixamos sim de ter a possibilidade do respeito aos outros, e do mesmo modo, estaremos despeitando as regras que são rezadas na nossa Carta Magna. Não se pode tolher o direito de ninguém de dizer o que quiser dizer a respeito de qualquer assunto, de qualquer pessoa, ou de qualquer instituição, porém que ao fazer isso não se pode e não se deve agredir verbalmente, caluniar, injuriar e tentar contra honra pública.

Foi um verdadeiro absurdo a utilização do direito da liberdade de expressão que lhe cabe o que fez o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), em sua opinião em relação aos eleitores do Partido dos Trabalhadores em recente entrevista à jornalistas estrangeiros. Quando perguntado sobre sua opinião sobre a legalização das drogas ele ironicamente faz uma alusão metafórica bastante deselegante, ridícula e perigosa, especialmente para um homem público que na condição de Presidente da Câmara dos Deputados deveria respeitar os cidadãos brasileiros que na última eleição votaram no PT, e principalmente ele mesmo dá-se ao respeito como homem público que é.

Dizer que o drogado começa na maconha, depois vai para o mundo da cocaína, e depois vota no PT, não foi apenas uma opinião torta e doentia de um homem deselegante, que na qualidade de evangélico e totalmente autoritário até nas suas opiniões pessoais, foi um crime verbal que passou dos limites do que pode ser ponderável do ponto da vista da própria liberdade de expressão. Ao proferir esses impropérios ele na condição de homem público rasgou a Constituição Brasileira, quebrou o decoro parlamentar, infligiu aos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal Brasileiro. Ao formular uma opinião dessa natureza à jornalistas estrangeiros ele desrespeitou cinqüenta milhões de brasileiros que votaram na atual Presidente da República, mesmo aqueles que votaram no projeto mas não gostam do PT, mesmo aqueles que votaram no PT e estão arrependidos.

Alguém deve educar esse deputado que agora na condição do poder que tem, resolveu que vai utilizar os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar pelo Brasil para se promover e colocar seu nome como alternativa para o país nas eleições de 2018. Ele mesmo tem dito reiteradas vezes em alto e bom som para quem quiser ouvir, que o PMDB “dele” deve participar do processo eleitoral com um nome como candidato. O que se infere nas entrelinhas que o nome do santo Salvador da pátria é o dele. Não somos petistas, mas não temos nenhuma condição de se livrar da indignação de sermos todos chamados de drogados exatamente pelo Presidente da Câmara dos Deputados.


Se o mesmo na condição de deputado federal, no comando do terceiro poder da estrutura política brasileira formula para gente de fora do país uma opinião preconceituosa, e mesmo criminosa, dessa natureza contra cinqüenta e quatro milhões de brasileiros, imagine um homem como esse, evangélico de linha pentecostalista, num desastre político desses que de vez em quando acontece no Brasil, vier a ser Presidente da República, o que será de nós que pensamos diferente da opinião dos outros, mas respeitamos mesmo assim? Imagine o que será de nós sendo governados por um homem que do ponto de vista religioso, política e ideologicamente, confunde o Estado com a sua religião?

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