Por Genaldo de Melo
A política não é um
jogo de cartas marcadas como pensa quem não faz política, pois ela parece muito
mais com cartas brancas e pincéis para desenhar gravuras da mais pura traição.
E caso vingue a proposta da oposição de promover impeachment político inventado
pela primeira vez, distorcendo a lei de 1950, a presidente Dilma Rousseff
enfrentará um jogo em que essas cartas podem não ser marcadas como se pensa,
pois dos previstos 258 votos, 86 a mais do que o necessário para derrubar de
vez a proposta da oposição abençoada pelo “Senhor dos Anéis”, Eduardo Cunha, muitos podem mudar de ventos segundo interesses particulares ou de grupos de
interesses.
Mesmo assim a Presidente
está diante de dois cenários colocados. O primeiro deles defendido por ela
mesmo para acabar com o recesso dos parlamentares, e resolver esse problema
logo em janeiro, e o segundo defendido com unhas e dentes pela oposição que quer
procrastinar um pouco mais para depois do recesso.
No primeiro cenário,
realmente se a temperatura permanecer como está, Dilma se salva do problema e
coloca a oposição numa situação chamada metaforicamente de “canto de
carroceria”. Mas existe uma diferença em quem está interessado diretamente no
processo. Primeiro Dilma que quer governar até 2018, e segundo Michel Temer,
que como traidor infantilmente mandou carta desastrosa para ela promovendo
praticamente uma ruptura política entre o Governo e a parcela inconformada do
PMDB.
Nos bastidores todos
sabem muito bem que Dilma não é boa como Lula na arte da política, enquanto o
“Mordomo de Filme de Terror”, é uma verdadeira raposa criada. E tudo o que
Dilma tem para oferecer aos eleitores do parlamento, ele pode oferecer em
dobro, porque utilizará o discurso de que pode também oferecer os espaços que o
PT tem hoje, com sua saída. Nesse cenário o perigo está revestido nesse manto
escuro, pois Brasília poderá viver em janeiro a maior temporada de traições e
conspirações de sua história.
Num segundo cenário
também não existe “moleza” prá ninguém, principalmente para a Presidente. O
problema é o discurso tácito da oposição de fato se concretizar, ou seja, com o
trabalho implacável, cruel e frio da mídia do Jornalismo da Obediência, a
sociedade assimilar o discurso de que realmente Dilma tem que sair da cadeira
de presidente dando a vaga para outro, aliás, para o próprio Michel Temer.
Mas também pode
acontecer o contrário. Como um processo de impeachment não é tão simples assim
como querem pensar mentalidades golpistas da oposição, o tempo poderia ser um
aliado de Dilma, consolidando a imagem de que ela foi vítima da vingança do
dono de contas milionárias na Suíça Eduardo Cunha. Além disso, a judicialização
do processo poderia fazer com que o país emendasse Natal, Ano Novo, férias,
carnaval, olimpíadas, e eleições municipais, deixando que naturalmente o
impeachment fique em segundo plano.
São dois cenários
diferentes com vantagens e desvantagens para Dilma. Agora é bom lembrar para
todos que quem pensa demais pode sempre morrer de idiotice.
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