Por Genaldo de Melo
As civilizadas prerrogativas da convivência
rezam que o discurso retumbante e raivoso de quem perdeu as eleições em outubro
último, não pode, e não deve jamais ser, mais forte ou mais superior ao
silencioso exórdio da democracia plena na prática. Se assim for, sucumbiremos
na mais profunda necessidade de algumas almas raquíticas que acham que não
somos soberanos e livres em pleno século vinte e um, pois devemos como se por
condições e natureza sermos governados, e literalmente domesticados como
personagens do “Admirável Mundo Novo” de Huxley, por alguns poucos indivíduos que
leram de forma torna Nietzsche e Maquiavel.
Devemos e temos que, mesmo não concordando,
conviver com o discurso contrário ao nosso, porque isso, e somente isso, é a
prerrogativa mais forte e necessária da democracia. Se não houver disputas de
idéias na convivência democrática necessariamente deixaremos de ser humanos pra
sermos verdadeiros animais, e não robôs, porque animais sentem e robôs não.
O direito político não pode residir
literalmente na força do poder econômico e da idéia fixa do controle do poder político
de poucos para poucos, enquanto o resto
que se dane. Se pela necessidade de se sentir superior não
pode concordar comigo, pelo menos se assuma o discurso da necessidade da
convivência no emaranhado de idéias difusas na sociedade que é feita por todos
e para todos. Qualificar na mesma sociedade, que alguns indivíduos cultural e "eugenicamente" são superiores a outros, é no mínimo um erro ou uma doença de
natureza cultural.
Achar que no meio de mais de 200 milhões de
almas, existem iluminados de sangue azul, é como ter de fato exangue a própria
alma. Amar o povo de Copacabana não é prerrogativa nenhuma para ser superior a
quem sustenta o verdadeiro amor pelo chão quente do Sertão baiano. O direito de
amar o povo de Copacabana é o mesmo direito de amar quem vive no Nordeste, e
quem vem de Minas ou do Rio Grande do Sul. O direito político reside na força política e
moral de quem respeita e aceita as prerrogativas de viver com a democracia, pela
democracia, e para a democracia.
Não estou nem acima e nem abaixo da corda
estendida entre o homem, a canalha e o super-homem de Nietzsche, mas filosofo
politicamente porque posso, porque quero, e porque o estado democrático de
direito me permite.
Estendo meu perdão ao meu "Primo" rico pela sua concepção
anacrônica de achar que ainda existem coronéis no mundo político, bem como no mundo
das idéias acesas. A carapuça que caia logo, porque “sem mim, sem minha águia,
e sem minha serpente” ele não é ninguém com sua ímpia necessidade do “nariz em
pé. Mas respeito é bom, e eu gosto!
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