Pular para o conteúdo principal

A colônia Europa submete-se às vontades de Washington



por Capitaine Martin
O Parlamento Europeu aprovou o novo acordo de transferência de dados pessoais às autoridades estadunidenses. Este acordo sobre os dados dos dossiês de passageiros (ditos PNR: Passenger Name Record) fixou as condições jurídicas. Ele trata em particular dos períodos de conservação dos referidos dados, da garantia de proteção daqueles referentes aos passageiros europeus, da utilização que se pode fazer assim como dos recursos administrativos e jurídicos.
O acordo substitui o, provisório, de 2007. Há quase dez anos esta questão é discutida regularmente por Bruxelas e Washington. O controle dos dados pessoais foi inicialmente reclamado pelos Estados Unidos, avançando sistematicamente com os atentados do 11 de Setembro para justificar a sua determinação em resolver este acordo.
O primeiro do gênero entrou em vigor em 2003, antes de ser invalidado pelo Tribunal Europeu de Justiça em 30 de Maio de 2006. Um segundo PNR foi então assinado, quase na esteira do anterior, em Julho de 2007... Antes de ceder o lugar ao seu sucessor que os euros-deputado aprovaram quinta-feira passada (19 de Abril) por 409 votos a favor, 226 contra e 33 abstenções.
Uma minoria significativa de deputados votou contra o acordo: os temores estão ligados principalmente à conservação dos dados. A relatora Sophie In't Veld pôs-se à frente do "campo do contra", ameaçando submeter o acordo ao Tribunal Europeu de Justiça.
Pouco antes da votação, a comissária dos assuntos internos, Cecília Malmström, admitiu que "o acordo não era 100% perfeito", mas que "as negociações tendo em vista chegar a um acordo com Washington não constituem em caso algum uma opção".
Está claro: os Estados Unidos ordenam, a colônia Europa obedece. Sophie In't Veld, conhecida pelas suas propostas inflamadas denunciando a sujeição ao Tio Sam, exortou seus colegas a votarem em bloco contra este acordo. "Pergunto-vos se outros países batessem à nossa porta sabendo o que eles procuram... a China, Cuba, Rússia, estaríamos nós prontos a ceder-lhes nossos dados como estamos em vias de fazê-lo com os Estados Unidos?", questionou a euro-deputada holandesa. Sem se deter nesse bom caminho, acusa diretamente a assembleia de Estrasburgo de estar ao serviço de Washington: "o Parlamento Europeu crê que as relações transatlânticas são mais importantes do que os direitos dos cidadãos europeus".
O novo dispositivo aprovado pela assembleia europeia prevê, com efeito, que as autoridades estadunidenses conservarão os dados PNR num banco [de dados] ativo durante um período de cinco anos. Após os primeiros seis meses, todas as informações que poderiam ser utilizadas para identificar um passageiro seriam "despersonalizadas", o que significa que dados tais como o nome dos passageiros e suas coordenadas deverão ser ocultados.
Após os cinco primeiros anos, os dados serão transferidos para um "banco de dados inativo" por um período máximo de dez anos. Finalmente, o acordo prevê que os dados devem ser tornados completamente "anônimos", ou seja, que todos os dados permitindo identificar um passageiro deverão ter desaparecido completamente, com exceção daqueles ligados "a casos específicos" que serão conservados num banco de dados PNR até à "classificação do inquérito".
Mais uma vez, o caniche europeu dobra-se para satisfazer as vontades do seu mestre estadunidense.
O original encontra-se em Résistance e em Le Grand Soir.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

A cada dia aumenta o número de pré-candidatos em Feira de Santana, agora é Dilton Coutinho

Por Genaldo de Melo Mais um nome entra na fogueira das discussões e cogitações para ser candidato ao Paço Municipal em Feira de Santana, e o assunto não deixa de ser cogitado hoje em rodas de conversas, jornais, sites e blogs, além do mundo política da cidade. Dessa vez surge como candidato o radialista Dilton Coutinho, nome bastante conhecido nos meios de comunicação local. Ontem em entrevista no seu programa Acorda Cidade na rádio Sociedade de Feira FM o deputado federal Fernando Torres (PSD) disse ser pré-candidato a prefeito, mas caso Dilton resolva ser do mesmo modo, ele oferece seu partido para abrigar o comunicador como candidato: “Eu sou pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, mas se você for Dilton Coutinho eu abro mão. O PSD está a sua disposição amigo Dilton Coutinho”, disse Fernando Torres, presidente do PSD no município. Do mesmo modo a discussão apareceu ontem na Câmara de Vereadores pela vereadora Eremita Mota (PDT e pelo vereador David Neto (PTN).

A verdade sobre o esvaziamento das palavras golpe e "Fora Temer"

Por Genaldo de Melo Com a falta de povo nas ruas a mídia trabalha constantemente o esvaziamento do sentido real da palavra "golpe" que está acontecendo de fato.  A palavra "golpe" repete-se, repete-se, e repete-se como um mantra que perdeu o significado.  Num momento tão crucial como este, em que o projeto de governo eleito pelo voto democrático está sendo trocado por outro completamente diferente e que não passou pelo crivo das urnas, substituíram as grandes mobilizações de massa pela ação individual alegórica, pois se pulverizou a indignação popular apenas na palavra “golpe” nas redes sociais e em cartazes.  É impossível não notar que isso ocorre ao mesmo tempo em que a tradicional mídia jornalística trocou a aguerrida cobertura dos acontecimentos econômicos e políticos por um atual tom de meras trivialidades.  Quem acompanha o noticiário político e econômico não deixou de perceber que a mesma indignação que impulsiona inúmeras matérias jornalísti...