Pular para o conteúdo principal

Por Emir Sader

Os dois maiores eixos do poder no mundo de hoje são a hegemonia imperial norteamericana e o modelo neoliberal. A direita se articula em torno da liderança política e militar nortamericana e desenvolve, em nível nacional e internacional, políticas de livre comércio e de mercantilização de todas as sociedades.

Diante desse quadro, progressistas são, em primeiro lugar, os governos, as forças politicas e as instituições que lutam pela construção de um mundo multipolar, que enfraqueça a hegemonia imperial hoje dominante, que logre a resolução dos conflitos de forma política e pacifica, contemplando a todas as partes em conflito, ao invés da imposição da força e da guerra. O que significa fortalecer os processos de integração regional – como os latino-americanos – que priorizam o intercâmbio entre os países da região e os intercâmbios entre o Sul do mundo, em contraposição aos Tratados de Livre de Comércio com os Estados Unidos.

Se diferenciam, na América Latina, com esse critério, os governos de países como a Venezuela, o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Bolivia, o Equador, entre outros, que fortalecem o Mercosul, a Unasul, o Banco do Sul, o Conselho Sulamericano de Defesa, a Alba, a Celac, entre outras iniciativas que privilegia o intercambio regional e se opõem aos Tratados de Livre Comercio com o Estados Unidos. Priorizam também o comércio com os países do Sul do mundo e as organizações que os agrupam, como os Brics, entre outras. São governos que afirmam políticas externas soberanas e não de subordinação aos interesses e orientações dos Estados Unidos.

Do outro lado do campo político se encontram governos como os do México, do Chile, do Panamá, da Costa Rica, da Colômbia, que priorizam por esses tratados e favorecem o comércio com a maior potência imperial do mundo e não com os parceiros da região e com os países do Sul do mundo.

Em segundo lugar, progressistas são os governos, forças políticas e instituições que colocam o acento fundamental na expansão dos mercados internos de consumo popular, na extensão e fortalecimento das políticas que garantem os direitos sociais da população, que elevam continuamente o poder aquisitivo dos salários e os empregos formais, ao invés da ênfase nos ajustes fiscais, impostos pelo FMI, pelo Banco Mundial e pela OMC e aceitos pelos governos de direita.

Além disso, as forças progressistas se caracterizam pelo resgate do papel do Estado como indutor do crescimento econômico, deslocando as políticas de Estado mínimo e de centralidade do mercado, e como garantia dos direitos sociais da população.

Por esses três critérios é que a maioria dos governos latino-americanos – entre eles os da Venezuela, do Brasil, da Argentina, do Uruguai, da Bolívia, do Equador – são progressistas e expressam, a nível mundial, o polo progressista, que se opõem às políticas imperialistas e neoliberais das potências centrais do capitalismo internacional.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LITERATURA

 

Maconha produzida no Nordeste já abastece 40% do mercado nacional, diz pesquisador

Por Genaldo de Melo Contrariando o senso comum de que o Brasil é apenas um consumidor ou uma rota do tráfico de drogas, a região do Nordeste já produz cerca de 40% de toda a maconha consumida no país. O dado foi revelado pelo sociólogo Paulo Cesar Fraga em entrevista à Carta Capital .  “Há um mito de que a maconha consumida no Brasil venha do Paraguai, de que não é um problema nosso. Na verdade, a agricultura familiar e tradicional do sertão nordestino já produz 40% da maconha consumida no país”, disse.  Na entrevista, Fraga refere-se ao chamado “Polígono da Maconha”, região do Nordeste composta por 13 cidades: Salgueiro, Floresta, Belém de São Francisco, Cabrobó, Orocó, Santa Maria da Boa Vista, Petrolina, Carnaubeira da Penha e Betânia, todas em Pernambuco, e Juazeiro, Curaçá, Glória e Paulo Afonso, na Bahia.  De acordo com o sociólogo, o plantio de cannabis na região deve-se, principalmente, ao baixo investimento de governos para o desenvolvimento daqueles municíp

KAFKIANOS NOVOS NO CONGRESSO

 Por Genaldo de Melo O adágio popular de que brasileiro não sabe votar, não se aplica a todos os cidadãos e cidadãs, mas é um fato a ser considerado em relação a uma grande parcela dos nossos eleitores. Ao observar o atual quadro de deputados federais dessa legislatura, a conclusão é infalível de que realmente parcela do povo brasileiro confunde politica com circo e com falta de inteligência e cultura para ser representante político. Na história política brasileira sempre houve folclore e aberrações no parlamento, mas dessa vez estamos diante de um absurdo kafkiano. Parcela dos deputados eleitos são mentecaptos, que estão no Congresso para agredir com insultos monossilábicos, berrar palavrão e passar vergonha em audiências públicas convocadas por eles mesmos, e confundir CPI com redes sociais. Nunca vi oposição sem apresentar a solução. Nunca vi deputado querer "lacrar" com seus próprios crimes. Nunca vi deputado propor CPI contra ele mesmo, ou sem fato jurídico def