Por Genaldo de Melo
Consolidado o golpe parlamentar desferido
diretamente contra a democracia brasileira, e não propriamente dito contra
Dilma Rousseff, porque governantes vêm e vão dentro das prerrogativas democráticas,
provavelmente ficará no posto Michel Temer, um homem vazio de votos,
comprometidos com os projetos dos outros, e com uma reputação cada vez mais
abalada, dado os fatos que estão surgindo aos poucos de debaixo do tapete que o
mesmo finge pisar.
Não vai ser fácil governar por dois anos com
tantos punhais apontados para seu rosto de “envelope amassado”. Os seus menores
problemas são exatamente aqueles que não estão sob o seu controle. O primeiro a
possibilidade da cassação da chapa Dilma/Temer pelo TSE, que a qualquer momento
pode acontecer, já que não faltam delações premiadas para comprovar que a sua
campanha de “vice” decorativo foi alimentada por contribuições ilegais, como no
caso do R$ 11 milhões recebidos em dinheiro vivo no Palácio do Jaburu pela
Odebrecht.
O segundo problema menor é que a Lava Jato
está nos seus encalços, investigando o seu papel de tesoureiro das campanhas de
seus amigos candidatos do PMDB, pedindo e recebendo pessoalmente contribuições na forma
de caixa-dois, oriundas de desvios da Petrobrás e suas subsidiárias.
Mas isso é o de menos, pois não está sob o
seu controle os rigores e as prerrogativas da lei, pois sob o seu provável
controle está a política como coisa em si. E aqui é exatamente onde estão os
verdadeiros punhais que o cortarão dia e noite, invisivelmente sem ninguém ver,
na solidão extrema de seu palácio roubado, na companhia de sua companheira, a
bela e recata do lar, como expôs para o Brasil a revista veja.
Vai ser difícil, cruel e insano mesmo, governar com dois homens como Eduardo Cunha e Aécio Neves por perto. Ao primeiro ele
não deve somente favores, mas necessariamente deve resgatar as notas
promissórias que devem está guardadas a sete chaves em algum lugar do Rio de
Janeiro ou em local secreto do Porto de Santos.
Ao mineiro ele deverá ficar devendo a própria
governabilidade, que deverá ser colocada a prova de fogo já começando nas
próximas eleições municipais de outubro. Com este Michel fez uma aliança
fisiológica, oportunista, circunstancial, cuja principal finalidade era
derrubar o Governo ungido por 54 milhões de brasileiros de Dilma Rousseff, e caso se consolide
acaba a razão de ser desse casamento falso.
Dificilmente Aécio Neves vai manter essa
aliança depois de outubro, pois vai começar a campanha presidencial de 2018, e
o PMDB de Temer não demorou muito e já mostrou as garras, provavelmente terá candidato,
e nesse caso o próprio Michel, ou Henrique Meirelles, ou mesmo José Serra. E desse modo, Temer que se prepare para saber a doçura de brincar golpes contra a democracia e com o povo brasileiro.
Usurpar o poder para tirar fotos que ficarão
na história (porque Michel Temer não deverá ser proibido em livros didáticos pela
Escola Sem Partido) é fácil. Difícil mesmo vai ser governar sem ter a estatura
de um estadista, de um negociador político, de um homem de palavra, de um homem
de confiança. Quem viver verá!
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