Por Genaldo de Melo
O instituto ilícito das doações para campanhas
eleitorais realizadas via caixa-dois jamais vai acabar no país, como rezam
alguns papagaios que defendem a tese de com as novas regras de financiamento
que não permitem a participação de empresários no processo, definitivamente
sepulta-se essa idéia. Com essa minirreforma eleitoral pobre e carente de seriedade vai acontecer exatamente o contrário, vai aumentar o caixa-dois.
Exatamente por não permitir a participação
legal dos grandes empresários, interessados em participar das licitações
públicas, no financiamento de seus amigos, é que se cria “esotericamente” o
instrumento de caixa-dois! O próprio Michel Temer, presidente interino, falou
disso na entrevista ao Valor Econômico quando disse “Ainda hoje, quando não há
a menor possibilidade de pessoa jurídica (doar dinheiro para campanha) eles vêm
me perguntar como vão colaborar...”
É preciso ter muita resistência à raciocínio,
ou acreditar demais na inocência de justos que ouvem rádio e televisão no Brasil,
de que vai se acabar com financiamento
eleitoral via caixa-dois nas condições atuais. Provavelmente nesse exato
momento, orientados por bons assessores muitos empresários já estejam retirando
dinheiro vivo de suas contas para bancar campanhas de muitos amigos políticos
na condição de candidatos à chefes de executivos, que devem ter extensas listas
de candidatos à vereadores, que precisam ganhar as eleições para se manter
grupos fechados nas máquinas administrativas, sem grandes oposições.
Seria ingenuidade além dos limites, acreditar
que em municípios como Feira de Santana, em torno de 400 mil eleitores uma campanha para prefeito
custasse somente cerca de R$ 1,6 milhão. Gastar esses valores numa eleição de
prefeito, e gastar em torno de R$ 60 mil para vereadores em cidades desse
porte, é querer que eu espere meu presente de papai-noel no natal, ou correr
atrás de coelhinho da páscoa!
Nas condições em que foi feita a minirreforma
eleitoral não existem fundamentos nenhum para dúvidas, que quem vai
beneficiar-se com caixa-dois vão ser os indivíduos e os grupos que sempre se beneficiaram,
pois não se mudou nada.
Vão continuar ganhando licitações públicas os
mesmos empresários, vão continuar ganhando eleições os mesmos canalhas, que mais
escondidos ainda vão criar mecanismos secretos de financiamento em caixa-dois. A
única forma de se acabar com esse instituto ilícito seria proibir as próprias
campanhas eleitorais tais como acontecem, com gastanças infindas de estruturas
de campanhas, em que muitas das vezes em algumas se gastam mais dinheiro do que
em prestação de serviços para a população ou em obras públicas de
infra-estrutura.
Nas condições atuais dizer que o instituto
ilícito do caixa-dois vai acabar é iludir o cidadão de bem que ainda acredita
que alguns homens públicos se redimem apenas com palavras. Meras palavras...!

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